O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou um retrato detalhado das condições urbanísticas nas favelas e comunidades do Amazonas, com base no Censo Demográfico de 2022. Os números revelam uma realidade onde cerca de 1,4 milhão de pessoas residem em áreas classificadas como informais no estado.
O levantamento aponta a existência de 453,1 mil domicílios localizados nessas localidades. A capital Manaus exerce um peso dominante nesse cenário, concentrando sozinha 60% das 398 favelas catalogadas em todo o território estadual. Além disso, a cidade responde por impressionantes 86% dos domicílios amazonenses situados em áreas informais.
Manaus no centro do mapa das comunidades
Os dados permitem identificar com precisão quais são as maiores e menores aglomerações na capital. As comunidades com maior número de residências em 2022 foram São Lucas, com 17.821 domicílios, seguida por Cidade de Deus / Alfredo Nascimento, com 17.632, e Zumbi dos Palmares / Nova Luz, com 11.273.
No extremo oposto, entre as menores, estão a Comunidade Distrito Industrial, com apenas 8 domicílios, a Rua Atleta, com 45, e a invasão Janjão, com 50. Em termos populacionais, os maiores contingentes de moradores foram registrados justamente nas comunidades da Cidade de Deus/Alfredo Nascimento, São Lucas e Zumbi dos Palmares.
Infraestrutura e mobilidade: os grandes desafios
Apesar da maioria dos residentes (91,9%) viver em vias pavimentadas, os indicadores de mobilidade e acessibilidade apontam dificuldades estruturais. Apenas 7,9% dos domicílios estão em ruas com capacidade para carros e vans, sinalizando vias estreitas, embora cerca de 80% permitam a passagem de veículos maiores como caminhões ou ônibus.
O acesso ao transporte público é crítico: somente 6,6% dos domicílios em favelas de Manaus têm ponto de ônibus ou van na própria rua. A presença de calçadas, embora existente em 70,5% das vias, fica bem abaixo do índice das áreas formais da cidade, que é de 92,4%. A situação é ainda mais grave para pessoas com deficiência, já que apenas 1,7% das vias nas comunidades contam com rampas para cadeirantes, contra 14,6% fora das favelas.
Iluminação, arborização e realidades únicas
A iluminação pública alcança 91,6% dos domicílios em áreas informais do estado, um percentual considerado alto, mas ainda inferior aos 98,3% das áreas formais. Em Manaus, algumas comunidades se destacam positivamente, como Zumbi/Nova Luz, onde 97,8% das vias são iluminadas.
A arborização, porém, é um item deficitário. Apenas 36,2% das vias nas favelas têm árvores, enquanto nas áreas formais o índice sobe para 55%. Algumas comunidades, como Zumbi/Nova Luz (57,9%), Grande Vitória e Santa Etelvina, apresentam cenários mais verdes que a média.
O estudo do IBGE também mapeou uma realidade peculiar do estado: as aquavias. Foram identificados 249 domicílios localizados em áreas onde a circulação é feita por vias fluviais, abrigando um total de 966 moradores em todo o Amazonas.
Os dados consolidam a importância das políticas públicas voltadas para a urbanização e a melhoria da qualidade de vida nessas localidades, que abrigam uma parcela significativa da população amazonense, especialmente na capital Manaus.