Maranhão tem 10,5% da população urbana em favelas, aponta Censo 2022
10,5% da população urbana do MA vive em favelas

Os dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam um retrato detalhado das condições de vida nas favelas e comunidades urbanas do Maranhão. O estado registra 198 áreas classificadas sob esse critério, distribuídas em 14 municípios, onde residem 503.753 pessoas. Esse número representa exatos 10,5% da população urbana maranhense.

Capital concentra a maior parte da população em comunidades

A distribuição dessas comunidades é bastante desigual pelo território estadual. São Luís, a capital, abriga sozinha 100 dessas áreas, o que corresponde a metade do total registrado. Mais impressionante ainda é o dado populacional: nessas 100 comunidades da capital vivem 71,2% de todos os moradores de favelas identificados no estado.

Isso significa que, em São Luís, 34,8% da população urbana reside em territórios enquadrados na classificação de Favela ou Comunidade Urbana (FCURB). A capital possui 116.489 domicílios nessas condições, que equivalem a 33,3% de todas as moradias urbanas do município.

Além de São Luís, outras cidades maranhenses se destacam pelo elevado número de residentes em comunidades, como São José de Ribamar, Paço do Lumiar, Raposa, Imperatriz, Caxias, Açailândia e Timon.

Contrastes na infraestrutura urbana das favelas

O estudo do IBGE foi além da contagem e analisou as condições do entorno dos domicílios, expondo fortes contrastes entre as áreas classificadas como favelas e o restante do tecido urbano.

Em um aspecto, as favelas de São Luís apresentam um índice positivo: 91,4% dos moradores vivem em vias pavimentadas. Esse percentual é superior tanto à média estadual (78,8%) quanto à nacional (78,3%) para áreas similares.

No entanto, quando o assunto é acessibilidade, a situação se inverte drasticamente. A presença de rampas nas calçadas nas favelas da capital é considerada raríssima, com um índice de apenas 1,9%. Este é o pior desempenho entre todas as 27 capitais brasileiras. No estado como um todo, apenas 2,1% dos moradores de favelas têm rampas no entorno de suas casas.

Calçadas, obstáculos e falta de verde

Apesar da baixíssima acessibilidade, a presença de calçadas em si é relativamente alta. Em São Luís, 84,1% dos moradores de favelas vivem em ruas com calçadas, um dos melhores índices do país. Contudo, cinco comunidades da capital não possuem nenhuma calçada: Jaracati I, Albino Soeiro, Batatan, Ivaldo Rodrigues e Residencial Francisco Lima.

O problema, quando as calçadas existem, é a sua qualidade. 97% dos moradores em favelas de São Luís convivem com obstáculos, como buracos, desníveis ou pisos quebrados. Esse percentual coloca a capital como a terceira pior do Brasil nesse quesito específico.

A arborização também é um ponto crítico. Apenas 30,2% dos residentes em favelas de São Luís moram em vias com presença de árvores, índice abaixo da média do Maranhão (31,5%) e do Brasil (35,4%). Duas comunidades, Recanto do Luizão e Vila Valian, não registraram nenhuma arborização.

Os dados do Censo 2022 reforçam a necessidade de políticas públicas específicas para melhorar a infraestrutura e a qualidade de vida nessas comunidades, especialmente no que diz respeito à acessibilidade e ao ambiente urbano, onde os déficits são mais evidentes.