Um sensor inovador que monitora os níveis de radiação ultravioleta (UV) começou a operar em Barretos, no interior de São Paulo. Chamado de Solmáforo, o equipamento funciona como um semáforo visual do sol, alertando a população em tempo real sobre os riscos da exposição solar excessiva, um importante fator para o desenvolvimento do câncer de pele.
Projeto pioneiro inspirado no Chile
A iniciativa é parte do Projeto Retrate, do Hospital de Amor, e foi concretizada a partir de uma ideia do estudante Francisco Vasquez. Ele é filho do oncologista Vinicius de Lima Vazquez, diretor-executivo do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) da mesma instituição. O médico explica que o projeto é pioneiro no Brasil e teve como inspiração um dispositivo semelhante, utilizado no Deserto do Atacama, no Chile.
"Após o contato feito com a equipe chilena, que prontamente concordou em uma parceria, foi feito o envio do equipamento eletrônico do Chile para Barretos e, então, a confecção da parte externa localmente", detalha Vazquez. A instalação é uma parceria entre Hospital de Amor, Prefeitura de Barretos, a empresa chilena U-Visor, o CNPq e o Ministério da Saúde.
Como funciona o semáforo do sol
O Solmáforo foi instalado na região dos Lagos, zona Oeste de Barretos, cidade conhecida por altas temperaturas que frequentemente ultrapassam os 35°C. O dispositivo faz uma medição contínua, 24 horas por dia. Para evitar poluição sonora, ele se comunica apenas por cores, que indicam a intensidade da radiação UV:
- Verde: sem risco.
- Amarelo: baixo risco.
- Laranja: risco intermediário (necessário uso de protetor solar ou roupas específicas).
- Vermelho: risco alto (exposição mínima e alta proteção).
- Roxo: risco extremo (evitar exposição ou usar muita proteção).
Desde sua ativação, em 25 de novembro, a cor roxa tem predominado durante a maior parte do dia. Segundo a Prefeitura, o indicador costuma ficar verde nas primeiras horas da manhã, mas entre 8h30 e 9h já salta para o nível máximo, onde permanece até o fim da tarde.
Ferramenta de educação e prevenção
O prefeito Odair Silva (Republicanos) destacou que o local foi escolhido pelo grande fluxo de pessoas que praticam atividades ao ar livre. O equipamento visa ser uma ferramenta de educação. "O Solmáforo significa não somente um equipamento tecnológico... mas simboliza o compromisso da prefeitura com o bem-estar coletivo", afirmou.
O oncologista Vinicius Vazquez reforça que o objetivo é fazer com que as pessoas identifiquem os sinais de alerta e aprendam a se proteger. No local, há legendas informativas sobre câncer de pele e um QR code que direciona para o aplicativo Retrate. O app permite o envio de imagens de pintas para avaliação médica.
Vazquez alerta que o excesso de sol causa inflamação crônica da pele, levando à perda de elasticidade, manchas, envelhecimento acelerado e, por fim, ao câncer. A cada três casos de câncer no Brasil, um é de pele, conforme dados do Ministério da Saúde. Dados regionais mostram a dimensão do problema: de janeiro a agosto deste ano, a região de Barretos registrou 14.520 atendimentos ambulatoriais por neoplasia de pele.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima, para o triênio 2023-2025, a ocorrência de 220.490 casos anuais de câncer de pele não melanoma e 8.980 casos de melanoma em todo o país. O Solmáforo surge, portanto, como uma ferramenta prática e visual para combater essas estatísticas, promovendo hábitos mais seguros de exposição ao sol.