Semaglutida falha no Alzheimer: estudo com 3.808 pacientes não mostra eficácia
Semaglutida falha no tratamento do Alzheimer

A esperança de que a semaglutida, princípio ativo de medicamentos como Ozempic e Rybelsus, pudesse ser uma nova arma contra o Alzheimer sofreu um revés significativo. A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk anunciou resultados preliminares decepcionantes dos primeiros estudos clínicos que testaram o comprimido do medicamento em pacientes com a doença neurodegenerativa.

O Estudo e Seus Resultados Concretos

Os ensaios clínicos, que envolveram um total de 3.808 pacientes com idades entre 55 e 85 anos, foram realizados com rigor metodológico. Os participantes, que tinham comprometimento cognitivo e estavam em fases iniciais do Alzheimer, receberam ou a semaglutida oral (a mesma formulação do Rybelsus) ou um placebo.

De acordo com o comunicado oficial da Novo Nordisk, divulgado em 25 de novembro de 2025, o tratamento não resultou em uma "redução estatisticamente significativa na progressão da doença". Embora tenham sido observadas melhorias em alguns biomarcadores relacionados ao Alzheimer, essa mudança não se traduziu em um retardamento prático do declínio cognitivo dos pacientes.

Fim de Uma Aposta e o Caminho da Ciência

A farmacêutica confirmou que irá descontinuar as pesquisas com a semaglutida oral especificamente para o Alzheimer. A decisão foi tomada devido à eficácia abaixo do esperado, mesmo o medicamento tendo demonstrado um bom perfil de segurança e tolerabilidade durante os testes.

Martin Holst Lange, diretor científico e vice-presidente executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Novo Nordisk, destacou o rigor dos estudos: "Temos orgulho de ter conduzido dois ensaios bem controlados, que atendem aos mais altos padrões e metodologia rigorosa". Ele também agradeceu a todos os participantes e seus cuidadores pelas valiosas contribuições.

O Que Esperar do Futuro?

Este resultado frustrante, que também impactou as ações da empresa no mercado financeiro, ilustra como a ciência avança: testando hipóteses, descartando o que não funciona e seguindo em frente. Apesar do revés com a formulação em comprimido, a empresa não descarta a possibilidade de testar outras formulações de semaglutida, isoladamente ou em combinação com outros tratamentos, no futuro.

A aposta inicial na semaglutida para o Alzheimer foi baseada em evidências de mundo real e testes laboratoriais que sugeriam um potencial efeito neuroprotetor do análogo de GLP-1, possivelmente por conter a inflamação no cérebro. No entanto, a tradução dessa teoria para a prática clínica mostrou-se, neste primeiro grande estudo, um desafio ainda não superado.