Pioneiro da geriatria na América Latina deixa legado humanizado
Porto Alegre perdeu no último domingo (9) uma de suas figuras mais ilustres na área médica. Yukio Moriguchi, médico de origem japonesa que se tornou referência em geriatria no Brasil, faleceu aos 99 anos na capital gaúcha.
Trajetória internacional e contribuição ao Brasil
Nascido em Tóquio, Moriguchi construiu uma carreira acadêmica notável antes de se estabelecer no Brasil. Formou-se em Medicina pela prestigiada Keio University em 1948 e concluiu seu doutorado na Universidade de Milão, na Itália, em 1957.
Seu currículo inclui experiências internacionais de destaque: foi conselheiro médico do Papa Paulo VI, professor de geriatria na Universidade de Seisen e diretor-médico do Hospital Sakuramachi, em Tóquio.
Em 1971, Moriguchi decidiu mudar-se para o Brasil, onde revalidou seu diploma médico pela UFRGS e adotou Porto Alegre como sua nova casa.
Legado na educação médica e reconhecimento
O professor Moriguchi deixou marcas profundas no cenário médico brasileiro. Em 1973, foi responsável por implantar a primeira disciplina de Geriatria em uma Escola de Medicina na América Latina.
Fundador do Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) da PUCRS, ele era reconhecido internacionalmente por suas pesquisas sobre envelhecimento e pela formação humanizada de profissionais de saúde.
Em 2002, após seis décadas dedicadas à medicina, recebeu a Medalha de Serviço Humanitário, concedida pessoalmente pelo imperador do Japão, em reconhecimento ao seu trabalho voltado ao cuidado com o ser humano.
Moriguchi era casado há 68 anos com Lia Moriguchi e deixa quatro filhos, nove netos e quatro bisnetos. Sua filosofia de vida, que valorizava mais a maneira de viver do que a herança genética, inspirou gerações de profissionais da saúde.