Brasil inaugura biofábrica gigante para combater dengue, zika e chikungunya — veja como funciona
Maior biofábrica do mundo contra dengue é inaugurada no Brasil

Imagine um exército de mosquitos — mas do bem. Pois é exatamente isso que o Brasil acaba de colocar em campo. Nesta semana, foi inaugurada em Juazeiro, na Bahia, a maior biofábrica do planeta dedicada a produzir mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia, uma bactéria que impede a transmissão de vírus como dengue, zika e chikungunya.

O lugar parece saído de um filme de ficção científica: laboratórios brilhantes, técnicos de jaleco branco e milhões de ovos sendo cuidadosamente monitorados. Só que, no lugar de criar monstros, a fábrica — uma parceria entre o governo brasileiro e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) — está literalmente recrutando insetos para salvar vidas.

Como funciona a mágica?

Ah, você quer saber o truque? A Wolbachia é uma bactéria natural que, quando introduzida no Aedes, age como um "antivírus vivo". O mosquito contaminado perde a capacidade de transmitir os vírus — e ainda passa essa característica para suas crias. Genial, não?

Detalhe: não envolve modificação genética. É pura estratégia biológica, como colocar um espião no território inimigo. E o melhor: sem riscos para humanos ou meio ambiente.

Números que impressionam

  • Capacidade de produção: 100 milhões de ovos por semana (sim, você leu certo)
  • Área construída: 5.200 m² — equivalente a 13 quadras de vôlei
  • Investimento: R$ 120 milhões (e cada centavo vale a pena)

"É como se tivéssemos criado uma fábrica de vacinas aladas", brinca um dos pesquisadores, referindo-se aos mosquitos que vão espalhar proteção pelo país. Quem diria que esses pequenos seres, normalmente vistos como vilões, poderiam ser heróis?

Onde isso já está dando certo?

Antes de virar megaoperação, o método foi testado em cinco cidades brasileiras. Resultado? Até 76% de redução nos casos de dengue nas áreas tratadas. Niterói (RJ), uma das pioneiras, registrou queda drástica nas internações — e olha que lá o Aedes adora aquele clima úmido.

Agora, com a biofábrica em pleno vapor, a meta é ambiciosa: atingir 70 milhões de pessoas nos próximos 10 anos. Começando por regiões onde essas doenças são endêmicas — principalmente no Nordeste e Centro-Oeste.

Enquanto isso, nas ruas de Juazeiro, os moradores olham para o prédio modernoso com orgulho misturado com alívio. "Quem sofre com dengue sabe que isso pode mudar vidas", comenta uma dona de casa, enquanto espanta — ironicamente — um mosquito que voa perto dela.