Um estudo científico recente trouxe uma revelação preocupante para o mundo da música: alcançar o estrelato pode significar uma vida mais curta. A pesquisa, publicada no periódico Journal of Epidemiology & Community Health, analisou a relação entre a fama e as taxas de mortalidade entre profissionais da música, com resultados que apontam para um risco significativamente elevado.
Fama como fator de risco independente
Os pesquisadores Johanna Hepp, Christoph Heine, Melanie Schliebener e Michael Dufner buscaram entender se o aumento do risco de morte prematura entre músicos famosos era causado pelas exigências da profissão ou pela fama em si. A conclusão foi clara: a fama em si se mostrou um fator determinante.
De acordo com a análise, que revisou dados de músicos da América do Norte e Europa, artistas famosos enfrentam um risco de mortalidade duas a três vezes maior quando comparados a pessoas com características demográficas similares da população geral. Esse risco elevado se manifesta dentro de um período de 2 a 25 anos após o auge da fama.
Dados alarmantes sobre cantores
O estudo se aprofundou na carreira de cantores dos EUA e da Europa, comparando aqueles que alcançaram grande notoriedade com outros menos conhecidos. A diferença na expectativa de vida foi marcante: os cantores famosos morreram, em média, quase cinco anos mais cedo.
Um dado curioso surgiu na comparação entre tipos de carreira. Cantores solo que se tornaram famosos registraram uma situação pior do que vocalistas de bandas de sucesso. Os pesquisadores sugerem que fazer parte de um grupo pode oferecer um suporte emocional e social que ajuda a enfrentar os dilemas e pressões da carreira musical, atuando como um fator protetor.
A taxa de suicídio entre os músicos famosos analisados também chamou a atenção, sendo duas a sete vezes maior do que a média nacional dos Estados Unidos.
O paradoxo da fama: riqueza versus risco
Os autores do estudo fazem uma ponderação importante. Eles reconhecem que a fama, geralmente, vem acompanhada de recursos financeiros significativos e uma posição socioeconômica privilegiada, fatores classicamente associados a uma vida mais longa e saudável.
"Evidências substanciais comprovam uma relação positiva entre status socioeconômico e envelhecimento saudável", escrevem os pesquisadores. No entanto, os resultados indicam uma relação inversa no caso dos músicos famosos, como se os aspectos negativos do estrelato fossem tão poderosos a ponto de superar os benefícios financeiros.
"Os resultados atuais indicam que, quando submetidos a um teste empírico altamente rigoroso, a afirmação de que músicos famosos enfrentam um risco de mortalidade particularmente elevado se confirma", afirmam no artigo.
A metodologia utilizada foi um delineamento retrospectivo que comparou cantores famosos com profissionais de menor fama, pareando critérios como gênero, nacionalidade, etnia, gênero musical e status de carreira (solo ou banda).
A pesquisa conclui com um apelo: "Esperamos que a presente pesquisa possa incentivar estudos futuros que revelem esse efeito. Tal conhecimento poderia ajudar a identificar maneiras de promover a saúde e o bem-estar, não apenas para músicos que estão sob os holofotes, mas também para a população em geral".