Atraso no pagamento do POT deixa centenas sem renda em São Paulo
Atraso no pagamento do POT afeta centenas em SP

Atrasos no POT deixam famílias em situação vulnerável sem renda

Centenas de participantes do Programa Operação Trabalho (POT), iniciativa da Prefeitura de São Paulo que completa mais de 20 anos, enfrentam atrasos no recebimento das bolsas mensais. Para muitos inscritos, este valor representa a única fonte de renda para sustentar suas famílias.

Relatos de beneficiários mostram gravidade da situação

O programa, que atende aproximadamente 12 mil pessoas em situação de vulnerabilidade social, tem deixado trabalhadores esperando por meses pelo pagamento. Reportagem percorreu três regiões da capital e ouviu inscritos que atuam em diferentes frentes - desde unidades de saúde até postos de atendimento municipal e oficinas de capacitação profissional.

Os relatos se repetem: mesmo após cumprirem todas as obrigações, o dinheiro não chega nas contas. Nos órgãos municipais, os beneficiários encontram informações contraditórias, promessas de novas datas de pagamento e encaminhamentos que não levam a solução concreta.

Ianca Moreria, cabeleireira inscrita no POT há um ano, revela que está há três meses sem receber. "Contava muito com esse valor, inclusive acabei ficando internada por problemas de saúde, precisava muito desse dinheiro para pagar aluguel, para me manter, para alimentação, e esse valor não foi repassado", desabafa.

Falta de transparência e prazos descumpridos

A vereadora Luana Alves (PSOL) solicitou informações à Prefeitura sobre o número de pessoas afetadas. A gestão municipal informou que cerca de 350 trabalhadores estavam sem pagamento e que os depósitos seriam regularizados até 15 de novembro. No entanto, segundo depoimentos dos próprios beneficiários, essa regularização não ocorreu.

Em um projeto do POT que oferece cursos de capacitação para pessoas trans, com oficinas de costura e customização de roupas, dezenas de alunos enfrentam o mesmo problema. Valéria Ferrari, uma das participantes, compartilha sua experiência: "De fevereiro a novembro, eu recebi duas mensalidades. O resto? Cadê? Cadê? E a gente dependia dessa ajuda de custo para poder estar frequentando aqui. Ainda mais eu, que sou uma pessoa que mora muito distante, eu levo duas horas para poder chegar até aqui".

Justificativa da Prefeitura

Em nota oficial, a Prefeitura de São Paulo afirmou que parte dos pagamentos está em análise devido ao atraso no envio de folhas de frequência e inconsistências cadastrais dos beneficiários. A administração municipal também garantiu que os recursos financeiros destinados ao programa estão assegurados.

Enquanto isso, centenas de famílias que dependem dessas bolsas para sobreviver continuam aguardando uma solução definitiva para o problema que já se estende por vários meses.