Sindicato de Delegados de SP critica Derrite e Tarcísio por falta de diálogo
Delegados de SP criticam gestão de Derrite e Tarcísio

Sindicato dos Delegados de SP declara insatisfação com gestão estadual

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) emitiu um forte comunicado nesta segunda-feira, 17 de novembro de 2025, criticando duramente as gestões do secretário de Segurança Pública licenciado, Guilherme Derrite, e do governador Tarcísio de Freitas. A entidade utilizou expressões contundentes como "estamos à míngua" para descrever a situação atual da categoria.

Falta de transparência na nova Lei Orgânica

Segundo o Sindpesp, existe uma grave falta de diálogo entre o sindicato e o secretário Derrite. O ponto central da discordância é a não entrega da nova Lei Orgânica da Polícia Civil paulista. Um grupo de trabalho nomeado pelo secretário começou a deliberar sobre o assunto em fevereiro de 2025, mas as reuniões foram prorrogadas por duas vezes sem qualquer publicidade.

A entidade revela que tentou obter informações concretas sobre o dispositivo legal, mas não obteve sucesso. "O sindicato quer ter acesso ao teor da legislação, antes que a mesma seja encaminhada à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) para deliberação", afirma trecho da nota divulgada oficialmente.

Crise estrutural e fuga de servidores

A presidente do Sindpesp, Jacqueline Valadares, apontou uma "gritante desvalorização remuneratória" da categoria em São Paulo. Os números apresentados são alarmantes: existem 15.000 cargos vagos na Polícia Civil paulista de um total de 42.000 previstos.

O déficit afeta todas as categorias:

  • Delegados
  • Investigadores
  • Escrivães
  • Peritos criminais

Jacqueline destacou ainda a ausência de um plano de carreira que garanta a ausência de interferências políticas nas promoções e o fim da sonegação de direitos básicos, como:

  • Hora-extra
  • Adicional por trabalho noturno
  • Auxílio-saúde

Contraste entre discurso e realidade

A líder sindical questionou ironicamente as ações do governo estadual: "Estamos à míngua, à deriva. O governador de São Paulo ofereceu policiais ao estado do Rio de Janeiro, dias atrás, como auxílio a operações contra o crime organizado. Enquanto isso, o secretário Derrite deixou o cargo e foi para Brasília, tratar de Projeto Antifacção".

Ela completou: "Como se em São Paulo estivesse tudo bem, em ordem e em dia. Como se aqui não houvesse, também, crime organizado. Só em 2025, mais de 1.400 servidores deixaram a Polícia Civil. Como combatemos o PCC assim?"

Promessas de campanha não cumpridas

O sindicato também cobrou publicamente as promessas que Tarcísio de Freitas teria feito à categoria ainda em 2022, durante sua campanha pelo Palácio dos Bandeirantes. A nota emitida questiona: "Queremos saber quando a Polícia Civil de São Paulo será realmente valorizada, ou se isso ficará para a campanha de 2026".

O comunicado finaliza com uma crítica contundente: "Sem cumprir o prometido, falar em combate às organizações criminosas é, tão somente, retórica política populista. A Polícia Civil de São Paulo, hoje, vive de postagens do governador".

A situação descrita pelo Sindpesp revela uma profunda crise na segurança pública paulista, com sérias implicações para o combate ao crime organizado no estado mais populoso do país.