O setor de saúde brasileiro está em estado de alerta devido às negociações entre a Philips e a MV pela possível venda do sistema Tasy, um software crítico utilizado por milhares de hospitais e clínicas em todo o país.
O que está em jogo na negociação
A possível transação envolve o Tasy, sistema de gestão financeira e dados clínicos desenvolvido pela Philips, que é utilizado por instituições de saúde de grande porte, incluindo hospitais de referência como o Oswaldo Cruz e o Sírio-Libanês, ambos em São Paulo.
O cenário que preocupa o setor é que a MV, principal concorrente direta do Tasy, é a interessada na aquisição. Caso a operação seja concretizada, a empresa passaria a deter o controle total do mercado de softwares hospitalares deste tipo no Brasil.
Análise especializada sobre os riscos
Mauricio Oscar Bandeira Maia, ex-conselheiro do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) entre 2017 e 2021, analisa os potenciais impactos desta operação. O especialista em direito concorrencial alerta que situações com risco de 100% de concentração de mercado exigem análise aprofundada pelo órgão regulador.
"Em casos como este, no qual há risco de 100% de concentração do mercado, a aquisição enseja uma análise mais aprofundada da operação pelo CADE e, eventualmente, a sua rejeição ou aprovação com remédios concorrenciais pertinentes", afirma Mauricio Maia.
Preocupações do setor hospitalar
Os clientes do sistema Tasy estão profundamente preocupados com a possibilidade de a MV assumir o controle exclusivo desta tecnologia. A concentração do mercado em uma única empresa poderia gerar:
- Aumento significativo nos preços dos serviços
- Redução na qualidade do atendimento e suporte técnico
- Dependência de um único fornecedor para operações hospitalares críticas
- Riscos à continuidade dos serviços de saúde
A notícia sobre as negociações foi divulgada em 11 de novembro de 2025 e tem mobilizado executivos e gestores de hospitais em todo o país, que acompanham atentamente os desdobramentos desta que pode ser uma das operações mais significativas do setor de saúde brasileiro nos últimos anos.
O setor aguarda agora o posicionamento oficial do CADE sobre o caso, que deverá analisar minuciosamente os impactos concorrenciais desta potencial aquisição antes de autorizar ou vetar a operação.