PF ouve Vorcaro sobre venda do Master ao BRB; acareação pode ocorrer
PF ouve Vorcaro sobre venda do Master ao BRB

A Polícia Federal (PF) dará um passo crucial na investigação sobre a tentativa frustrada de venda do Banco Master ao Banco de Brasília (BRB). Nesta terça-feira, 30 de dezembro de 2025, o banqueiro Daniel Vorcaro, proprietário do Master, prestará depoimento aos agentes federais.

Depoimentos separados antecedem possível confronto

Além de Vorcaro, também serão ouvidos, de forma isolada, o ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino. O foco dos interrogatórios é a operação de venda do Master ao BRB, que foi barrada pelo BC e acabou se tornando o estopim para a liquidação extrajudicial da instituição financeira.

A decisão sobre realizar uma acareação entre os três dependerá das versões colhidas. Se os investigadores identificarem contradições relevantes nos relatos, eles estão autorizados a promover o confronto direto entre o banqueiro, o ex-presidente do banco público e o fiscal do BC.

Ordem do STF e investigação de R$ 12 bilhões

Todo o procedimento ocorre por determinação do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Toffoli ordenou que a PF liste os principais pontos das declarações de cada um dentro do inquérito que apura um esquema de fraudes financeiras. Suspeita-se que o caso envolva a movimentação de cerca de R$ 12 bilhões por meio da emissão de títulos de crédito falsos.

O ministro reafirmou a necessidade da oitiva com urgência, argumentando que os fatos sob investigação causam "significativa interferência" no sistema financeiro brasileiro. Ele também esclareceu que nem o Banco Central como instituição, nem o diretor Ailton de Aquino, são investigados no processo.

Procedimento atípico gera reações no mercado e no direito

A decisão de Toffoli de determinar a acareação antes mesmo da conclusão da coleta geral de depoimentos e outras diligências foi recebida com surpresa por especialistas do mundo jurídico e por agentes do mercado financeiro. A medida é considerada incomum nos ritos investigatórios.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) chegou a pedir o adiamento do confronto por entender que era prematuro, mas o pleito não foi atendido pelo ministro do STF. O depoimento e a possível acareação serão acompanhados por um juiz auxiliar do gabinete de Toffoli e por um membro do Ministério Público.

Há preocupação, conforme apontado por juristas, de que o confronto direto possa ser usado para consolidar uma narrativa de que o BC agiu com precipitação ao decretar a liquidação do Master. Isso, por sua vez, poderia reacender pressões políticas, especialmente de setores do Centrão, a favor da concretização da venda do Master ao BRB, operação que originou toda a crise.