
Eis que o placar do Supremo começa a virar. Numa jogada que pegou até os mais antigos de surpresa, o ministro Gilmar Mendes soltou o verbo — e o voto — para tentar tirar Robinho da cadeia. Sim, aquele mesmo, o ex-jogador condenado por estupro coletivo na Itália em 2013.
Parece roteiro de novela, mas é a pura realidade do Judiciário brasileiro. Enquanto a maioria dos ministros já havia chutado o recurso da defesa para escanteio, Gilmar entrou em campo com uma argumentação que deixou muita gente de cabelo em pé.
Na visão dele, prender o ex-atacante por um crime ocorrido em solo italiano — mesmo com a condenação já confirmada — seria um excesso, uma quebra de princípios jurídicos. Algo como querer cobrar ingresso de quem nem entrou no estádio.
Não é de hoje que Gilmar chama a atenção pelos seus votos destoantes. Desta vez, porém, a questão é delicadíssima: envolve violência sexual, soberania nacional e, claro, o fantasma da impunidade que sempre ronda figuras públicas.
Do outro lado, a maioria do plenário já deixou claro que acha a prisão válida. Afinal, o Brasil e a Itália têm acordo de cooperação jurídica, e a condenação já transitou em julgamento lá fora — ou seja, não cabe mais recurso.
O caso agora segue em análise, mas uma coisa é certa: a opinião pública não perdoa. Nas redes sociais, a comoção foi imediata. Muitos lembram que a vítima carrega até hoje as marcas daquela noite, enquanto o acusado segue usufruindo de recursos jurídicos que poucos brasileiros teriam.
Esse tipo de decisão — ainda que isolada — joga lenha na fogueira de quem acredita que há duas justiças no país: uma para os comuns, outra para os que têm nome, fama e poder.
O que vai acontecer? Bom, o placar segue 9 a 1 pela manutenção da prisão. Mas no STF, como no futebol, o jogo só termina quando o último ministro dá o último voto. E até lá, tudo pode acontecer.