Moraes no Rio: Brasil tem 'tendência golpista' e precisa superar vício antidemocrático
Moraes: Brasil tem tendência golpista e precisa superar vício

Numa tarde de quinta-feira no Rio, o ministro Alexandre de Moraes soltou o verbo. E não foi pouco. Perante uma plateia atenta, ele pintou um retrato nada lisonjeiro da nossa trajetória política — uma espécie de vício nacional, segundo ele, por golpes e soluções autoritárias.

O evento, organizado pela associação de juízes estaduais, virou palco para uma aula despretensiosa de história. Moraes, com aquela calma que só os poderosos realmente têm, foi costurando episódios desde a Proclamação da República, passando pela Era Vargas, até o regime militar de 64. Uma linha do tempo da instabilidade.

E o pior? Ele não acha que isso ficou no passado. Longe disso. Para o ministro, a mentalidade golpista — essa coisa de querer resolver na marra o que deveria ser resolvido nas urnas ou no debate — ainda assombra o país. É um fantasma que se recusa a ir embora.

Não foi só uma aula de história

Quem esperava um discurso técnico e burocrático se surpreendeu. Moraes falou com a clareza de quem não tem mais paciência para meias-palavras. Ele lembrou, por exemplo, como até a própria Proclamação da República, em 1889, nasceu de um golpe militar. Um padrão que, infelizmente, se repetiu.

E então ele jogou a bomba: fez a ligação direta com os eventos recentes. Os ataques às instituições, o cerco a ministros do Supremo, o clima pesado de 8 de janeiro de 2023. Tudo, pra ele, ecoa esse mesmo script antigo e perigoso.

“A história se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa”, já dizia alguém. Moraes não citou a frase, mas a sensação era exatamente essa.

O recado por trás das palavras

Mais do que diagnosticar o problema, o ministro deixou um aviso. A mensagem foi clara: a estabilidade democrática é conquista recente e frágil. Precisa ser defendida. Todos os dias.

Ele encerrou com um tom quase professoral, mas firme. A solução, argumentou, nunca virá de atalhos autoritários. Só o respeito irrestrito à Constituição e às regras do jogo democrático pode nos tirar desse ciclo vicioso. Um chamado à maturidade política — que, convenhamos, às vezes parece faltar.

O discurso ecoou pelo salón, gerando aquela mistura de aplausos e silêncios pensativos. Um daqueles momentos em que você percebe que a história não é só coisa de livro didático. Ela está bem aqui, no presente, nos desafiando a não cometer os mesmos erros.