Lula busca diálogo com Alcolumbre após tensão com indicação de Messias ao STF
Lula busca Alcolumbre após crise com indicação ao STF

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve buscar um diálogo direto com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para tratar da indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal. A movimentação ocorre em meio a uma crise política entre o Planalto e a cúpula do Legislativo.

Retorno do presidente e tensão no Congresso

Lula retornou a Brasília nesta terça-feira (25) após participar da Cúpula dos Líderes do G20 na África do Sul. A expectativa entre aliados do petista é que o presidente procure Alcolumbre ainda esta semana para conversar sobre a nomeação de Messias.

A situação se tornou delicada porque Alcolumbre demonstrou publicamente seu descontentamento com a escolha. O presidente do Senado esperava que Lula indicasse Rodrigo Pacheco, seu antecessor no cargo e principal aliado.

Reações e retaliações de Alcolumbre

Desde que a indicação foi oficializada na semana passada, Alcolumbre adotou uma postura de confronto com o governo. O senador sinalizou a aliados que trabalharia contra a nomeação de Messias e ironizou publicamente o indicado.

Entre as medidas de retaliação anunciadas está a votação de um projeto considerado "pauta-bomba", que pode impactar bilhões de reais nas contas públicas. Alcolumbre também afirmou estar rompido com Jaques Wagner, líder do governo no Senado.

Sabatina marcada com prazo apertado

Nesta terça-feira (25), o presidente do Senado anunciou que a sabatina de Jorge Messias ocorrerá no próximo dia 10 de dezembro. O prazo é considerado apertado e deve pressionar o chefe da AGU e seus aliados a conseguirem o apoio necessário para aprovação.

Em discurso à imprensa, Alcolumbre manteve tom institucional mas reforçou que foi informado da indicação pelo noticiário, não diretamente pelo presidente Lula.

Crise se estende à Câmara dos Deputados

A tensão não se limita ao Senado. Na segunda-feira (24), o presidente da Câmara, Hugo Motta, anunciou rompimento de relações com o líder do PT, Lindbergh Farias. Os dois chefes do Legislativo foram convidados para cerimônia no Planalto nesta quarta-feira (26), mas ainda não confirmaram presença.

Aliados de Lula reconhecem a gravidade da situação mas defendem o diálogo. Eles argumentam que a indicação é prerrogativa da Presidência e que Lula conduziu o processo de forma respeitosa, ouvindo diferentes setores.

Relacionamento histórico em jogo

Lula e Alcolumbre mantêm uma relação política considerada positiva pelos auxiliares do presidente. O senador é visto como um dos principais aliados do petista no Congresso e teve diversas demandas atendidas pelo Planalto.

Entre as concessões feitas a Alcolumbre estão a indicação de dois ministros - Frederico de Siqueira Filho (Comunicações) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) - além de nomes em diretorias de agências reguladoras e cargos de comando na Codevasf.

Um auxiliar de Lula afirmou que o presidente está disposto a atuar para distensionar qualquer ruído com Alcolumbre, tendo como foco principal a aprovação de Messias. Outro aliado reconhece que o cenário é difícil e exigirá muita negociação.

Há avaliação entre interlocutores do presidente que, sem o apoio de Alcolumbre ou Pacheco, Messias não terá votos suficientes para ser aprovado. O indicado precisa do apoio mínimo de 41 dos 81 senadores em votação secreta.

Enquanto isso, Jorge Messias já começou a procurar líderes do Senado para marcar conversas e diminuir resistências à sua indicação ao Supremo, em uma corrida contra o tempo até a sabatina marcada para 10 de dezembro.