Indicação de Messias ao STF gera crise política entre Lula e Senado
Indicação de Messias ao STF causa crise com Senado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta uma crise política após indicar Jorge Messias para uma vaga no Supremo Tribunal Federal. A decisão, anunciada em 21 de novembro de 2025, consolidou um padrão no terceiro mandato presidencial: a preferência por nomes de confiança direta do chefe do Executivo.

Mudança no critério de indicações

A escolha de Messias representa uma ruptura com a prática adotada nos primeiros governos de Lula. Naquela época, o presidente selecionou ministros para o STF com os quais praticamente não tinha convivência pessoal, como Ayres Britto, César Peluso, Joaquim Barbosa e Cármen Lúcia.

O movimento atual segue a mesma lógica que levou Cristiano Zanin e Flávio Dino à Corte Suprema. Em todos os casos, Lula priorizou a relação de confiança acima de outras considerações, incluindo a forte pressão para que a nova vaga fosse ocupada por uma mulher negra.

Reação imediata do Senado

A indicação de Messias contrariou diretamente o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que articulava pela nomeação de Rodrigo Pacheco. Entre os senadores, essa indicação era vista como um gesto de reconhecimento pela atuação de Alcolumbre nas crises institucionais recentes.

A reação do Congresso foi imediata e contundente. No dia seguinte ao anúncio da indicação de Messias, votações relevantes começaram a ser adiadas. A Comissão de Assuntos Econômicos suspendeu a análise do projeto que eleva a tributação de bets e fintechs, matéria considerada central para as contas públicas de 2026.

A sessão incluiria a apresentação da complementação de voto do relator Eduardo Braga, mas foi retirada da pauta após articulações internas. No Senado, cancelamentos desse tipo não são acidentais: funcionam como recado político claro.

Consequências políticas da escolha

No mesmo dia, outras votações previstas no plenário também foram interrompidas, confirmando o desconforto com a indicação de Messias. A avaliação nos bastidores é que Lula ignorou a expectativa de uma cúpula que vinha colaborando para amortecer tensões com a Câmara, onde o presidente Hugo Motta demonstra resistência a pautas do governo.

A sabatina de Jorge Messias tende a ser mais política que técnica. Embora não haja dúvidas sobre sua qualificação jurídica, a irritação de Alcolumbre tornou o cenário mais incerto do que o Planalto previa inicialmente.

Nos bastidores, a leitura não é de ruptura completa, mas de uma relação que entrou em zona delicada e exigirá reconstrução. A escolha pode se justificar para Lula pelo critério da confiança, mas politicamente abriu uma disputa que ele ainda precisará administrar.

A indicação foi apenas o primeiro movimento. Agora começa a luta mais difícil: garantir os votos necessários para aprovar Messias no Senado, em um ambiente político marcado por tensões e descontentamento.