Prisão de Bolsonaro: Moraes cita risco de fuga e violação de tornozeleira
Bolsonaro preso: ministro cita risco concreto de fuga

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso na manhã deste sábado após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A ordem de prisão foi motivada pela violação da tornozeleira eletrônica e pelo risco concreto de fuga do ex-mandatário.

Justificativas para a prisão

No despacho que determinou a prisão, o ministro Alexandre de Moraes apresentou diversos argumentos que fundamentaram sua decisão. Às 0h08 deste sábado, o Centro de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou ao STF que havia ocorrido violação da tornozeleira eletrônica usada por Bolsonaro.

Para Moraes, o registro "constata a intenção do condenado de romper o equipamento para garantir êxito em sua fuga". O ministro destacou que esta não seria a primeira tentativa de evasão, lembrando que durante as investigações que resultaram na condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe, foi apurado um plano para buscar asilo político na embaixada da Argentina.

Proximidade com embaixadas e vigilância convocada por filho

Outro fator crucial mencionado na decisão foi a localização da residência onde Bolsonaro cumpria medidas judiciais. O condomínio no Jardim Botânico fica a aproximadamente 13 quilômetros do Setor de Embaixadas Sul, onde está localizada a embaixada dos Estados Unidos - distância que pode ser percorrida em cerca de 15 minutos de carro.

Moraes também citou a convocação de uma vigília em frente ao condomínio de Bolsonaro, feita por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), na noite de sexta-feira (21). Para o ministro, a mobilização poderia ser usada para obstruir a fiscalização da prisão domiciliar e facilitar uma tentativa de fuga.

Histórico de descumprimento de medidas

Bolsonaro estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto, quando Moraes impôs a medida devido ao descumprimento de restrições judiciais. Segundo o ministro, o ex-presidente utilizou redes sociais de aliados - incluindo seus três filhos parlamentares - para divulgar conteúdos que instigavam ataques ao STF e defendiam intervenção estrangeira no Judiciário.

O ministro ainda mencionou que Alexandre Ramagem, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro, aliados do ex-presidente, deixaram o país para tentar escapar de decisões judiciais, o que aumentaria o risco de evasão do próprio Bolsonaro.

Operação de prisão e traslado

Bolsonaro foi detido por volta das 6h da manhã e, segundo relatos, reagiu com tranquilidade. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro não estava na residência no momento da prisão.

O comboio que transportava o ex-presidente chegou à sede da Polícia Federal às 6h35. Ele passou pelos trâmites iniciais e depois foi levado à Superintendência da PF no Distrito Federal, onde ficará em uma Sala de Estado, espaço reservado para autoridades como ex-presidentes.

Agentes do Instituto Médico-Legal foram ao local para realizar o exame de corpo de delito e evitar exposição pública. Em nota, a Polícia Federal informou que cumpriu mandado expedido pelo STF. A defesa de Bolsonaro disse que, até as 6h40, ainda não tinha sido formalmente comunicada sobre a prisão.