Trump mantém esperança de cúpula com Putin em Budapeste após encontro com Orbán
Trump quer cúpula com Putin em Budapeste após Orbán

O presidente americano Donald Trump reafirmou nesta sexta-feira (7) que existe uma possibilidade concreta de realizar uma cúpula com seu homólogo russo Vladimir Putin em Budapeste, capital da Hungria. A declaração foi feita durante o encontro na Casa Branca com o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, um dos principais aliados europeus do mandatário americano.

Encontro estratégico na Casa Branca

Durante a reunião com jornalistas, Trump demonstrou otimismo quanto à realização do encontro com o líder russo. "Sempre há uma chance, uma chance muito boa", afirmou o presidente americano, acrescentando que preferiria que a cúpula acontecesse em Budapeste. A escolha pela capital húngara representa uma deferência a Orbán, que completa 15 anos ininterruptos no poder.

Trump justificou o cancelamento anterior do encontro com Putin pela percepção de que "nada significativo iria ocorrer" naquela ocasião. No entanto, o diálogo telefônico de 16 de outubro entre os dois líderes reacendeu as negociações, resultando no agendamento de uma nova cúpula que deveria ocorrer em até duas semanas.

Obstáculos diplomáticos e situação na Ucrânia

As conversas subsequentes entre os chefes diplomáticos Marco Rubio e Serguei Lavrov não avançaram devido às divergências habituais entre as partes. A Rússia exige concessões maximalistas como pré-condição para um cessar-fogo, enquanto a Ucrânia prefere negociar após o estabelecimento de uma trégua.

O fracasso das negociações foi tão significativo que gerou rumores em Moscou sobre uma possível demissão de Lavrov, que ocupa o cargo desde 2004. O porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, já negou veementemente essa possibilidade.

Antes do almoço de trabalho com Orbán, Trump foi categórico ao analisar o conflito: "A guerra não acaba porque a Rússia não quer". Enquanto isso, as forças russas concentram esforços na conquista de Pokrovsk, centro logístico estratégico das tropas ucranianas na região de Donetsk.

Relações especiais e interesses energéticos

Orbán se consolida como o líder europeu mais próximo de Putin e um crítico ferrenho do governo de Kiev, a quem atribui responsabilidade pelo conflito. Apesar de a Hungria fazer parte da União Europeia e da Otan, suas posições frequentemente geram acusações de traição por parte de outros membros dessas organizações.

Durante o encontro, Trump demonstrou simpatia pela principal demanda húngara: isenção das sanções secundárias contra compradores de petróleo das empresas russas Rosneft e Lukoil. O presidente americano reconheceu as dificuldades logísticas da Hungria, que não tem acesso ao mar para diversificar suas fontes de abastecimento.

Os números revelam a dependência energética: a Hungria é o principal cliente do petróleo russo na UE, tendo adquirido € 166 milhões em petróleo cru e derivados apenas em setembro, de um total de € 311 milhões vendidos por Moscou ao continente europeu.

Conexões ideológicas e políticas

A longa relação entre Orbán e Putin reflete-se no modelo de governança que o húngaro denomina "democracia iliberal" - um conceito que encontra paralelos no modo como o líder russo exerce o poder. Nos círculos conservadores e populistas, Orbán alcançou status de estrela, inspirando políticas como as restrições migratórias implementadas por Trump.

As conexões do primeiro-ministro húngaro ultrapassam as fronteiras americanas. Na véspera do encontro com Trump, Orbán recebeu Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. O próprio Bolsonaro pai buscou refúgio na embaixada húngara em Brasília em 2024, antes de ser condenado por tentativa de golpe pelo Supremo Tribunal Federal.

Enquanto as discussões geopolíticas avançam, um novo ataque aéreo americano no Caribe contra um navio suspeito de tráfico de drogas resultou em três mortos, reacendendo o debate no Congresso sobre a legalidade dessas operações e a escalada de tensão com a Venezuela.