
Numa manobra que já está dando o que falar — e como está — Donald Trump sacou da cartola mais uma medida que promete acirrar ânimos. Na tarde desta segunda-feira, o ex-presidente, que sempre foi um tanto teatral, assinou um decreto que basicamente declara guerra aberta a quem ousar colocar fogo na bandeira dos Estados Unidos.
Não, você não leu errado. A coisa é séria — ou pelo menos é assim que ele quer que pareça.
O tal decreto, que mais parece um roteiro de filme patriótico exagerado, determina que o Departamento de Justiça americano pode — e deve — processar judicialmente qualquer cidadão que destruir a bandeira nacional em protesto. Trump, é claro, não perdeu a chance de dramaturgia. Disse, com aquela cara de dono do mundo, que queimar a bandeira é "uma afronta direta aos valores americanos".
Mas será que isso cola?
Aqui é que a porca torce o rabo. A Suprema Corte dos EUA já decidiu, lá atrás — em 1989, pra ser exato — que queimar a bandeira é, sim, uma forma de discurso protegido pela Primeira Emenda. Ou seja: é legal. Trump sabe disso. Todo mundo sabe.
Então por que raios ele faria isso agora? Alguns dizem que é pura retórica eleitoral. Outros, que é mais uma tentativa de agradar sua base mais conservadora — aquela que ainda acredita que patriotismo se mede pelo respeito a um pedaço de pano.
O fato é que a medida já nasce com um pé atrás. Especialistas jurídicos já vieram a público dizer que o decreto tem chances quase nulas de sobreviver a um desafio na Justiça. "É teatro jurídico", disparou um professor de Direito Constitucional que preferiu não se identificar. "Mas teatro perigoso."
E as reações? Ah, as reações...
Como era de se esperar, a polarização veio com tudo. De um lado, os apoiadores de Trump comemoraram como se fosse o 4 de Julho. "Finalmente!", gritou um usuário nas redes sociais. "Respeito à nação!"
Do outro, os críticos não pouparam palavras. Muitos lembram que a queima de bandeira é um protesto histórico — e potente — contra governos e políticas. Criminalizar isso, pra eles, é calar vozes dissidentes. É censura pura.
E no meio disso tudo, uma pergunta que não quer calar: isso vai mesmo pra frente? Ou é só mais um capítulo da novela "Trump vs. O Mundo"?
O tempo — e os tribunais — dirão. Mas uma coisa é certa: o debate sobre liberdade de expressão e patriotismo acaba de ganhar um combustível e tanto.