Em um movimento histórico que marca uma nova era nas relações internacionais, a Síria se tornou oficialmente o 90º país a integrar a Coligação Global para a Derrota do Estado Islâmico. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (10) após uma visita oficial do presidente interino sírio, Ahmed al-Sharaa, à Casa Branca.
Encontro histórico na Casa Branca
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu Al-Sharaa em um encontro a portas fechadas que carrega significado histórico profundo. Esta foi a primeira vez que um presidente sírio visita a Casa Branca desde a independência do país em 1946.
Do lado de fora da residência presidencial, dezenas de sírios celebraram a chegada do líder interino, acenando bandeiras e demonstrando apoio visível ao novo capítulo nas relações entre as nações.
Detalhes da adesão síria
Segundo um alto funcionário do governo Trump, a parceria tem como objetivo principal eliminar os remanescentes do Estado Islâmico e conter o fluxo de combatentes estrangeiros. Como parte do acordo, Washington autorizou a reabertura da embaixada síria na capital americana.
A embaixada terá foco específico em cooperação antiterrorismo, segurança e coordenação econômica, representando um degrau importante no processo de normalização das relações bilaterais.
Trajetória controversa do líder sírio
A história pessoal de Ahmed al-Sharaa adiciona camadas de complexidade a este momento diplomático. Nascido em Damasco em 1982, o presidente interino teve uma trajetória marcada por controvérsias significativas.
Al-Sharaa começou sua jornada política como militante ligado à Al-Qaeda, foi preso por forças americanas no Iraque em 2005 e permaneceu detido até 2011. Nos anos seguintes à sua libertação, rompeu oficialmente com o extremismo e assumiu a liderança do grupo Hayat Tahrir al-Sham.
Seu momento decisivo chegou em dezembro de 2024, quando comandou a ofensiva que derrubou o regime de Bashar al-Assad. Em janeiro de 2025, foi nomeado presidente interino da Síria, cargo que ocupa atualmente.
Significado da Coligação Global
A Coligação Global para a Derrota do Estado Islâmico foi criada em 2014 sob liderança dos Estados Unidos. A aliança coordena múltiplas frentes de ação, incluindo:
- Ações militares conjuntas
- Troca de informações estratégicas
- Assistência humanitária
- Esforços para desmantelar o grupo extremista
- Medidas para impedir sua expansão global
A adesão da Síria representa um marco significativo nos esforços internacionais contra o terrorismo, especialmente considerando o papel central que o país desempenhou como território de atuação do Estado Islâmico durante anos de conflito.
Novo capítulo nas relações
Este desenvolvimento ocorre quase um ano após a queda de Bashar al-Assad e simboliza uma guinada radical na política externa de ambos os países. Para a Síria, a aproximação com os Estados Unidos significa uma oportunidade crucial para encerrar seu isolamento internacional e atrair investimentos necessários para reconstruir a nação devastada por anos de guerra.
O governo interino de Al-Sharaa busca legitimidade internacional e apoio econômico, enquanto Washington vê uma oportunidade estratégica para estabilizar a região e consolidar ganhos na luta contra o extremismo.