Shutdown histórico nos EUA chega ao 40º dia com impacto no tráfego aéreo
O Senado dos Estados Unidos se prepara para votar neste domingo (9) um projeto que pode colocar fim ao shutdown histórico que já dura 40 dias. A paralisação do governo federal americano provocou o cancelamento de mais de mil voos e atrasos em outros quatro mil, além de afastar funcionários públicos e causar transtornos na distribuição de ajuda alimentar.
O que está em jogo no acordo do Senado
Os senadores votam nesta noite um texto que já passou pela Câmara dos Representantes, modificado para combinar uma medida de financiamento temporário - válida até janeiro de 2026 - com um pacote de três projetos de orçamento anual. Segundo a Reuters, pelo menos oito senadores democratas devem apoiar a proposta, o que garantiria votos suficientes para encerrar a paralisação.
O processo, no entanto, não será imediato. O pacote emendado ainda precisará ser aprovado pela Câmara e enviado ao presidente Donald Trump para sanção, em etapas que podem levar vários dias. Pelo acordo firmado no Senado, os republicanos aceitaram realizar uma votação em dezembro para ampliar os subsídios previstos na Lei de Cuidados Acessíveis (Affordable Care Act).
Consequências da paralisação prolongada
O domingo marcou o 40º dia consecutivo do shutdown, que já causou:
- Demissões em massa de funcionários federais
- Atrasos na assistência alimentar através do Programa SNAP
- Fechamento de parques nacionais
- Problemas no tráfego aéreo devido à falta de controladores
O senador republicano Thom Tillis, da Carolina do Norte, admitiu que os efeitos crescentes da paralisação estão pressionando o Senado a buscar um acordo. "As temperaturas esfriam, a pressão atmosférica aumenta lá fora e, de repente, parece que as coisas vão se encaixar", disse Tillis a jornalistas.
O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, alertou em entrevista à CBS que, caso o governo continue fechado por mais tempo, o crescimento econômico pode ficar negativo no quarto trimestre, especialmente se o tráfego aéreo não voltar ao normal até o feriado de Ação de Graças, em 27 de novembro.
Disputa por subsídios de saúde
Enquanto as negociações ocorrem no Capitólio, Trump continua pressionando pela substituição dos subsídios dos planos de saúde da Lei de Cuidados Acessíveis por pagamentos diretos aos indivíduos. Em sua rede Truth Social, o presidente chamou os subsídios de "um lucro inesperado para as companhias de seguro saúde e um desastre para o povo americano".
Os republicanos, no entanto, afirmam que só aceitarão tratar do tema depois que o governo for reaberto. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o senador Lindsey Graham, aliado de Trump, disseram em entrevistas na TV que a proposta de saúde de Trump não será apresentada antes de o Congresso aprovar uma medida de financiamento do governo.
O senador democrata Adam Schiff criticou a proposta de Trump, afirmando que ela visa enfraquecer o ACA e permitir que as seguradoras neguem cobertura a pessoas com condições pré-existentes. "As mesmas companhias de seguro que ele critica nesses posts - ele está dizendo: 'Vou lhes dar mais poder para cancelar apólices e não cobrir pessoas com condições pré-existentes'", disse Schiff no programa This Week, da ABC.
A resolução em votação também reverteria, ao menos em parte, as demissões em massa de funcionários federais realizadas durante a paralisação, além de garantir, por um ano, o financiamento dos benefícios do Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP). O acordo foi intermediado por dois democratas de New Hampshire, as senadoras Maggie Hassan e Jeanne Shaheen, e por Angus King, um independente do estado do Maine.