Putin desafia Europa: 'Se quiser guerra, estamos prontos' antes de reunião com EUA
Putin provoca Europa antes de reunião sobre paz na Ucrânia

Em um tom de confronto direto, o presidente russo Vladimir Putin lançou um alerta à Europa nesta terça-feira (2), afirmando que seu país está preparado para um conflito caso os europeus assim desejem. A provocação ocorreu momentos antes de uma reunião crucial em Moscou com enviados especiais dos Estados Unidos, que levaram uma nova proposta de acordo para a guerra na Ucrânia.

Discurso de Putin em fórum de investimentos

Falando em um fórum de investimento na capital russa, Putin foi enfático ao responder sobre a possibilidade de um embate com o continente europeu. "Se a Europa quiser guerra, estamos prontos", declarou o líder, conforme relatado pela agência France-Presse (AFP). Ele, no entanto, rapidamente tentou suavizar a afirmação, insistindo que não tem intenção de iniciar hostilidades.

"Já disse cem vezes. Não temos a intenção de fazer guerra com a Europa, mas se a Europa o desejar e começar, estamos prontos imediatamente", completou Putin para os jornalistas presentes.

O momento foi especialmente sensível, pois aconteceu pouco antes do horário agendado para o encontro com os enviados norte-americanos Steve Witkoff e Jared Kushner. Os representantes voaram até Moscou para apresentar uma versão atualizada do plano de paz para o conflito ucraniano.

Acusações contra líderes europeus

Em suas declarações, o presidente russo não poupou críticas aos governantes da Europa. Ele acusou-os de "interferirem" nas propostas de paz elaboradas pela administração dos Estados Unidos. Segundo Putin, citado pelo jornal britânico The Guardian, "a Europa está impedindo a administração dos Estados Unidos de alcançarem a paz com a Ucrânia".

O líder do Kremlin foi além, afirmando que os europeus "não têm uma agenda de paz, estão do lado da guerra". Ele também disparou que as "exigências da Europa são inaceitáveis para a Rússia", embora não tenha detalhado quais seriam essas demandas específicas que considera inadmissíveis.

Zelensky revela detalhes do plano de paz

As declarações de Putin ocorreram pouco depois de o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, falar em uma coletiva de imprensa em Dublin, na Irlanda. Zelensky revelou que o plano de paz levado a Moscou agora contém 20 pontos, uma redução em relação aos 28 pontos iniciais da proposta.

O líder ucraniano não quis revelar todos os detalhes do acordo, mas confessou quais são os temas mais espinhosos em discussão. Entre os "questões e desafios sensíveis e difíceis" estão:

  • Cedências territoriais
  • O uso dos ativos russos congelados no exterior
  • A formação de uma aliança de países para apoiar um futuro acordo de paz

Zelensky destacou que a decisão sobre os ativos congelados precisa envolver diretamente os dirigentes europeus. Apesar dos desafios, ele se mostrou otimista: "Mais do que nunca há uma chance de acabar com esta guerra", afirmou.

Expectativa sobre as negociações

O presidente da Ucrânia confessou que este é "um dos momentos mais desafiantes e, ao mesmo tempo, otimistas" para a paz em seu país. Sobre o encontro entre Washington e Moscou, que já estaria em andamento no momento de suas declarações, Zelensky afirmou que espera ser contactado imediatamente após o término da reunião.

"Estou preparado para apoiar todos os sinais [que trouxerem o fim da guerra] e para me encontrar com o presidente Trump", declarou Zelensky, referindo-se ao mandatário norte-americano. No entanto, condicionou qualquer avanço aos resultados das conversas do dia: "Tudo depende das conversas de hoje".

Zelensky afirmou ainda que pretende reagir ainda nesta terça-feira às negociações, "de acordo com os resultados" que saírem da reunião em Moscou. Ele foi categórico ao definir o objetivo final: "Nós temos de terminar com a guerra de tal maneira, que a Rússia não regresse, com a terceira invasão em dez anos".

Para o líder ucraniano, é essencial um plano "aberto e justo" que não seja discutido "nas costas da Ucrânia". "O nosso objetivo comum é pôr fim à guerra, não apenas obter uma pausa nos combates. É necessária uma paz digna", reiterou Zelensky, encerrando sua fala com um apelo por uma solução definitiva.

Contexto político nos Estados Unidos

Enquanto as negociações de paz avançam em Moscou, uma nova polêmica toma conta de Washington. A divulgação dos resultados de um exame médico do presidente Donald Trump reacendeu questionamentos sobre sua saúde e abriu uma nova rodada de especulações na capital norte-americana.

O governo tenta agora conter as críticas e explicar por que o procedimento e seus detalhes ficaram semanas sob sigilo antes de serem revelados publicamente. A situação adiciona uma camada de complexidade ao delicado momento diplomático, com a administração Trump atuando como mediadora principal no conflito entre Rússia e Ucrânia.