O maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford, chegou às águas da América Latina nesta terça-feira (11), marcando um significativo aumento na pressão militar dos Estados Unidos contra a Venezuela. No mesmo dia, o governo de Nicolás Maduro respondeu com uma mobilização massiva de suas forças armadas.
Presença militar americana se intensifica
O Pentágono confirmou oficialmente a chegada do USS Gerald Ford à área de operações do Comando Sul das Forças Armadas americanas, que abrange uma vasta região desde o Caribe até os mares ao sul da Argentina. A localização exata do navio não foi divulgada pelas autoridades militares.
Segundo o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, o porta-aviões tem como objetivo "reforçar a capacidade dos Estados Unidos para detectar, vigiar e desarticular atores e atividades ilícitas" que ameacem a segurança do território americano e do hemisfério ocidental.
O Gerald Ford se junta a outras embarcações, aeronaves e tropas que os EUA mobilizaram recentemente no Caribe e em Porto Rico, onde o governo Trump reativou uma base militar que estava fechada há 23 anos.
Resposta venezuelana e mobilização
Em resposta direta à movimentação americana, o regime de Maduro anunciou que colocou suas Forças Armadas em "prontidão operacional completa". O Ministério da Defesa venezuelano comunicou o destacamento massivo de forças terrestres, aéreas, navais, fluviais e de mísseis, além de outras unidades militares e a Milícia Bolivariana.
O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, declarou que "a Venezuela deve saber que tem um país resguardado, protegido, defendido", referindo-se aos militares americanos como mercenários.
Cenário de tensão crescente
A crise entre os dois países se aprofundou significativamente nos últimos meses. Desde que as relações se deterioraram, os EUA realizaram pelo menos quatro missões de bombardeiros na costa venezuelana e começaram a interceptar lanchas supostamente ligadas ao narcotráfico na região.
Washington acusa Maduro de liderar um cartel de drogas, alegação que o líder venezuelano nega veementemente. Os ataques americanos a embarcações no Caribe já resultaram em 75 mortos desde setembro, segundo registros oficiais.
Enquanto isso, relatos na imprensa americana indicam que várias opções estão sendo consideradas pela administração Trump, incluindo:
- Tomada de instalações de produção de petróleo venezuelanas
- Ataques específicos a instalações militares
- Possível invasão do país latino-americano
O governo americano já autorizou a CIA a atuar em solo venezuelano com o objetivo de remover Maduro do poder.
Reações internacionais
A situação tem gerado preocupação internacional. Na última sexta-feira (7), a porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, afirmou que a Rússia "está pronta para atender os apelos da Venezuela por ajuda" em caso de agravamento da crise militar.
O chanceler russo, Serguei Lavrov, criticou as ações americanas, qualificando-as como "aqueles que se consideram acima da lei" e questionando o argumento de que os ataques fazem parte da luta contra o narcotráfico.
Governos latino-americanos, caribenhos e europeus também expressaram preocupação indireta com as ações do governo Trump durante a cúpula entre União Europeia e a Celac na segunda-feira (10). O grupo conjunto pediu por "segurança marítima e estabilidade regional no Caribe".
Enquanto a tensão militar aumenta, Maduro tem alternado entre ordens de mobilização de tropas e pedidos de paz dirigidos a Trump, ao mesmo tempo em que busca apoio de aliados rivais dos EUA, como Rússia, China e Irã.