Apenas 29% dos americanos apoiam ataques militares no Caribe
Pesquisa revela baixo apoio a operações militares no Caribe

Uma pesquisa realizada pela Reuters em parceria com o Ipsos revelou que a maioria da população americana não apoia as ações militares ordenadas pelo governo Trump contra suspeitos de narcotráfico no Caribe. O levantamento, divulgado nesta sexta-feira, 14 de novembro de 2025, mostra um cenário de divisão na opinião pública sobre a política externa norte-americana.

Divisão na opinião pública americana

Os números são claros: apenas 29% dos americanos apoiam o uso das Forças Armadas para matar suspeitos de narcotráfico sem processo judicial. A oposição a essas práticas é significativa, com 51% dos entrevistados se declarando contra as execuções de suspeitos. O restante da população não possui opinião formada sobre o assunto.

A divisão política fica evidente ao analisar as preferências partidárias. Entre os republicanos, 58% apoiam as operações militares, enquanto 27% se opõem. Já no Partido Democrata, a rejeição é esmagadora: 75% dos eleitores são contra as ações, com apenas 10% de apoio.

Operações militares e tensão internacional

Desde setembro de 2025, a Casa Branca ordenou pelo menos vinte ataques militares contra embarcações suspeitas de "narcoterrorismo" nas proximidades da costa da Venezuela e, com menor frequência, da Colômbia. Essas operações resultaram na morte de pelo menos 79 pessoas.

O governo Trump justifica as ações afirmando que os Estados Unidos estão em guerra contra cartéis de drogas e que tribunais não são necessários em conflitos armados. Simultaneamente, acusa o governo venezuelano de conluio com narcotraficantes - acusação que Nicolás Maduro nega veementemente.

A tensão aumentou significativamente com o anúncio da "Lança Sul", uma operação militar contra o narcotráfico na América Latina, e com o envio de impressionante poderio militar para a região:

  • Maior porta-aviões do mundo
  • Destróieres com mísseis guiados
  • Caças F-35
  • Submarino nuclear
  • Mais de 6.500 soldados

Reações internacionais e preocupações

Líderes regionais, juristas e grupos de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional, condenaram os ataques como execuções extrajudiciais ilegais de civis. Há preocupação generalizada sobre violações do direito internacional por parte de Washington.

Caracas reagiu às ameaças ativando os "Comandos Integrados de Defesa", uma nova estrutura que reúne todas as instituições públicas do Estado venezuelano, as forças armadas e o "poder popular" para fortalecer a capacidade defensiva em caso de confronto militar.

A pesquisa também investigou o apoio à remoção de Maduro: apenas 21% dos americanos apoiam o uso da força militar para derrubar o presidente venezuelano, enquanto 31% apoiariam sua destituição por meios não militares.

O cenário atual representa uma ruptura radical com a abordagem tradicional de Washington, que preferia usar a Guarda Costeira para interceptar carregamentos de drogas e levar traficantes à Justiça através dos canais legais estabelecidos.