
Numa das intervenções mais contundentes de seu pontificado, Leão não mediu palavras durante a audiência geral desta quarta-feira. A voz carregada de uma emoção rara – quase um misto de indignação e profunda angústia – ecoou pela Praça São Pedro enquanto ele descrevia um cenário que beira o intolerável.
Não se trata mais de política ou estratégia militar, parece-me. O que estamos testemunhando é a transformação da fome em instrumento de guerra, e isso, meus amigos, é uma fronteira moral que jamais deveria ter sido cruzada.
Crianças definhando, famílias inteiras reduzidas a desespero absoluto – os relatos que chegam de organizações humanitárias são de cortar o coração. E o mais revoltante? Tudo isso acontece sob o olhar impassível do mundo.
Um grito que vem das entranhas da Igreja
O Pontífice foi incisivo: "Castigos coletivos nunca são a solução. Nunca. E menos ainda quando atingem populações civis indefesas". Palavras duras, que soam como um repúdio claro às táticas em curso.
Ele não se limitou a criticar – propôs saídas concretas. Corredores humanitários urgentes, liberação imediata de alimentos e medicamentos, cessar-fogo negociado. Medidas óbvias, diriam alguns, mas que parecem ter entrado num labirinto burocrático e político sem fim.
Os números que envergonham a humanidade
- Taxa de desnutrição infantil disparou para níveis jamais vistos nas últimas décadas
- Hospitais operando sem energia e sem suprimentos básicos
- Pessoas bebendo água contaminada por falta de alternativas
É como se a modernidade tivesse dado marcha ré várias décadas na Faixa de Gaza. E o pior? A comunidade internacional parece paralisada, assistindo a tudo como se fosse mais um documentário triste.
O apelo do Papa não vem isolado. Líderes religiosos de diversas denominações têm se unido num coro de consternação. Mas será que alguém está realmente ouvindo?
Enquanto diplomatas discutem nuances geopolíticas em salas refrigeradas, mães enterram filhos que morreram de fome. Existe desconexão maior que essa?
Resta saber se este grito de alerta – vindo de uma das vozes morais mais respeitadas do planeta – será suficiente para desencadear ação concreta. Ou se, como tantos outros, se perderá no vazio da indiferença global.