Em um cenário de crescente tensão militar, o presidente venezuelano Nicolás Maduro dirigiu-se diretamente a Donald Trump nesta quinta-feira, 14 de novembro de 2025, com um apelo por paz e pelo fim das guerras injustas. O recado foi dado durante comício com a juventude venezuelana e em entrevista à CNN, momentos antes dos Estados Unidos anunciarem nova operação militar na região.
Apelo direto em inglês
Questionado pela emissora americana se tinha alguma mensagem para o povo dos Estados Unidos, Maduro foi enfático: "Unamo-nos pela paz no continente. Não mais guerras eternas. Não mais guerras injustas. Não mais Líbia. Não mais Afeganistão". Dirigindo-se especificamente a Trump, o líder venezuelano arranhou o inglês para dizer: "Yes, peace. Yes, peace".
O apelo, contudo, não foi suficiente para deter os planos militares americanos. Horas depois do pronunciamento de Maduro, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, anunciou a operação "LANÇA DO SUL", com objetivo declarado de "remover narcoterroristas" e "proteger nossa Pátria de drogas que estão matando nosso povo".
Escalação militar em andamento
A situação já era crítica antes dos recentes desenvolvimentos. Nos últimos meses, os Estados Unidos lançaram pelo menos 21 ataques a barcos nas regiões do Caribe e Pacífico, resultando em 80 mortos. Estas ações são consideradas "execuções extrajudiciais" pela Organização das Nações Unidas e geraram alarme entre juristas e legisladores democratas.
Do outro lado, Trump defende a legitimidade dos ataques, argumentando que os EUA já estão em guerra com grupos narcoterroristas da Venezuela. Autoridades americanas justificam os disparos letais afirmando que ações tradicionais para prender tripulantes e apreender cargas ilícitas falharam em conter o fluxo de narcóticos.
Preparações para confronto
O cerco a Maduro se intensificou com o envio do maior porta-aviões do mundo, o USS Gerard Ford, além de destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e aproximadamente 6.500 soldados para o Caribe. Paralelamente, militares de alto escalão apresentaram opções de operações na Venezuela, incluindo ataques por terra.
Em resposta, Maduro ativou os Comandos Integrados de Defesa, nova estrutura que reúne "todas as instituições públicas do Estado venezuelano, a instituição militar e todo o poder popular". A medida, sancionada na véspera, faz parte da Lei do Comando para a Defesa da Nação e será implementada em três níveis de governo: nacional, estadual e municipal.
O líder chavista deixou claro sua disposição para o confronto: "Se dependesse de nós, como República, como povo, pegar em armas para defender este patrimônio sagrado dos libertadores, estaríamos prontos para vencer e triunfar por meio do patriotismo e da coragem".
A estrutura de defesa, baseada na doutrina militar de Hugo Chávez e aperfeiçoada por Maduro, é subordinada ao Comando Operacional Estratégico das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, comandado pelo general Domingo Antonio Hernández Lárez.