O presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou sua participação no G20, realizado em Joanesburgo, na África do Sul, para defender uma nova abordagem global sobre os minerais críticos. Durante o segundo dia do evento, neste domingo (23), o mandatário brasileiro destacou o papel estratégico desses recursos para o desenvolvimento tecnológico e a transição energética mundial.
Importância estratégica dos minerais
Em seu discurso, Lula enfatizou que os minerais críticos são fundamentais não apenas para tecnologias de ponta, mas também para a transição energética global. Dados apresentados pelo presidente mostraram que o setor de energia foi responsável por impressionantes 85% do crescimento total da demanda por esses minerais apenas em 2024.
Segundo o líder brasileiro, esses recursos possuem importância estratégica para a economia mundial, sendo essenciais para a fabricação de baterias, turbinas eólicas, painéis solares e diversos componentes eletrônicos. "A transição energética abriu oportunidades para ampliar a fronteira tecnológica a serviço da humanidade", afirmou Lula durante sua apresentação.
Nova visão para países produtores
Um dos pontos centrais do discurso do presidente foi a defesa de que os países com grandes reservas de minerais não podem ser meros fornecedores, permanecendo à margem da inovação tecnológica. Lula argumentou que é necessário implementar investimentos ambiental e socialmente responsáveis que fortaleçam a base industrial e tecnológica das nações detentoras desses recursos.
"O Brasil criou o Conselho de Minerais Críticos e Estratégicos (CMCE) e não será apenas exportador, mas sim parceiro na cadeia global de valor de minerais críticos", anunciou o presidente durante o fórum.
Soberania e valor agregado
Lula foi além das questões econômicas e conectou o tema à soberania nacional. O controle do conhecimento e do valor agregado derivado dos minerais foi colocado como questão central, superando em importância a simples posse dos recursos naturais.
"O que está em jogo não é apenas quem detém esses recursos, mas quem controla o conhecimento e valor agregado que dele deriva. Falar sobre minerais críticos também é falar sobre soberania", declarou o presidente, acrescentando que "a soberania não é medida pela quantidade de depósitos naturais, mas pela habilidade de transformar recursos através de políticas que tragam benefícios para a população".
Contexto do G20
O encontro do G20 em Joanesburgo reúne representantes de 19 países e da União Europeia, nações que representam aproximadamente 80% da economia global. A edição do ano anterior foi presidida pelo Brasil, tendo o Rio de Janeiro como sede da cúpula.
De acordo com o governo brasileiro, a programação do encontro na África do Sul inclui três reuniões temáticas com os seguintes temas:
- Crescimento econômico sustentável
- Mundo resiliente (dedicada à mudança do clima e transição energética)
- Futuro Justo e Equitativo para Todos
O embaixador Philip Fox-Drummond Gough, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, destacou que esta é a primeira vez que o G20 consegue um documento sobre minerais críticos, reforçando a ideia de que os países devem buscar o beneficiamento de minerais na origem.
A principal entrega do encontro será a Declaração de Líderes, que ainda está em fase de negociação, consolidando os avanços alcançados durante a presidência sul-africana do grupo.