
O presidente Lula não está perdendo tempo. Mal reassumiu o cargo e já coloca o Brasil no centro de um dos debates mais urgentes do nosso tempo. Na próxima terça-feira, ele embarca para Roma com uma missão que vai muito além da diplomacia convencional.
É sobre fome. Sim, aquela velha conhecida da humanidade que teima em não nos deixar em paz.
Um Encontro que Pode Mudar Vidas
A reunião da Aliança Global Contra a Fome não é mais um daqueles eventos protocolares que lotam as agendas dos líderes mundiais. Pelo contrário — estamos falando de uma iniciativa concreta para enfrentar o que talvez seja o maior desafio moral do nosso século.
Lula chega lá com um trunfo na manga: o conhecimento prático. O Brasil já mostrou ao mundo que é possível tirar milhões da miséria através de políticas públicas bem desenhadas. O programa Fome Zero, criado durante seu primeiro governo, virou caso de estudo internacional.
Por que Roma?
A escolha da capital italiana não é por acaso. Roma abriga não só o governo italiano, mas também três agências da ONU especializadas no tema: FAO (Agricultura e Alimentação), IFAD (Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola) e PAM (Programa Mundial de Alimentos).
É praticamente o quartel-general mundial da luta contra a fome. E o Brasil quer — ou melhor, precisa — ter assento cativo nessa mesa.
O timing não poderia ser mais apropriado. Enquanto escrevo estas linhas, conflitos geopolíticos, mudanças climáticas e ainda os efeitos residuais da pandemia continuam pressionando os sistemas alimentares globais. Os números são assustadores: segundo a própria ONU, mais de 800 milhões de pessoas passam fome no mundo hoje.
O que Esperar Desta Viagem?
Além do óbvio — discursos e reuniões —, Lula leva na bagagem uma perspectiva única. O Brasil é simultaneamente um gigante agrícola e um país que conhece na pele o drama da insegurança alimentar.
Essa dualidade nos coloca numa posição privilegiada para mediar conversas entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento. Afinal, compreendemos ambos os lados da moeda.
Os detalhes da agenda ainda estão sendo costurados nos bastidores, mas fontes próximas ao Planalto adiantam que o presidente pretende:
- Rever compromissos assumidos anteriormente pelo Brasil
- Apresentar novas propostas baseadas na experiência recente do país
- Fortalecer parcerias bilaterais com nações afetadas pela crise alimentar
- Discutir mecanismos de financiamento para programas emergenciais
Não vai ser fácil, claro. A geopolítica atual está mais fragmentada que vidro quebrado. Mas se tem alguém que entende de construir pontes em terrenos difíceis, esse alguém é Lula.
O Legado que Persiste
Quem acompanha a trajetória do presidente sabe que essa bandeira não é nova para ele. Desde seus primeiros anos na política, a erradicação da fome sempre esteve no centro de seu projeto. Agora, com a experiência acumulada e a rede de contatos internacionais, ele retorna ao palco global com ainda mais ferramentas.
O que me faz pensar: em um mundo tão dividido, será que a luta contra a fome pode ser o terreno comum que tanto precisamos? Talvez. O certo é que não podemos cruzar os braços enquanto pessoas morrem por falta do básico.
Roma aguarda. O mundo observa. E o Brasil — bem, o Brasil mais uma vez se coloca na vanguarda de uma causa que deveria ser de todos.