Hungria garante isenção para comprar energia russa, afirma Orbán após reunião com Trump
Hungria garante isenção para energia russa com EUA

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, anunciou nesta quarta-feira que a Hungria garantiu uma isenção permanente para continuar importando energia da Rússia, apesar das sanções internacionais contra Moscou. A declaração foi feita após uma reunião com o presidente norte-americano Donald Trump na Casa Branca.

Acordo sem prazo determinado

Viktor Orbán confirmou à emissora pública M1 que a Hungria manterá os preços de energia mais baixos da Europa graças a uma isenção especial para os oleodutos da Turquia e Druzhba (Amizade). "Este é um acordo geral, sem prazo determinado", enfatizou o líder húngaro, conhecido por sua orientação nacionalista e admiração declarada pelo presidente Trump.

Durante o encontro na Casa Branca, Trump demonstrou compreensão com a situação húngara, reconhecendo as dificuldades logísticas do país. "Estamos analisando a situação. [Os húngaros] estão enfrentando dificuldades para obter petróleo e gás de outras regiões", afirmou o mandatário norte-americano aos jornalistas.

Dependência energética húngara

A Hungria depende fortemente das importações russas, com 85% do seu consumo de gás e 65% do petróleo bruto vindos da Rússia. Esta dependência explica a posição contrária de Budapeste às sanções aplicadas contra Moscou desde o início da invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Trump destacou as particularidades geográficas que tornam a situação húngara única: "A Hungria é um grande país, mas não tem mar, não tem portos e, por isso, enfrenta um problema difícil" para conseguir fontes de energia alternativas.

Críticas a outros países europeus

O presidente norte-americano não poupou críticas a outras nações europeias que, segundo ele, continuam comprando energia russa enquanto pressionam a Hungria. "Muitos países europeus compram petróleo e gás da Rússia, e já fazem isso há anos, e eu me pergunto: qual é o sentido disso?", questionou Trump.

Orbán havia explicado antes do encontro que a questão mais "séria e importante" da reunião seria garantir exceções às sanções norte-americanas contra empresas petrolíferas russas, incluindo a Rosneft e a Lukoil.

Encontro com Putin adiado

Trump também abordou o adiamento indefinido do encontro que planejava ter com o presidente russo Vladimir Putin em Budapeste. "No fim, decidi que não queria que [a reunião com Putin] acontecesse, porque não achei que resultaria em algo importante. Mas, se acontecer, gostaria que fosse em Budapeste", revelou.

O encontro, originalmente anunciado em outubro após uma conversa telefônica entre os dois líderes, nunca teve data definida e foi posteriormente suspenso após discussões entre o secretário de Estado Marco Rubio e o ministro das Relações Exteriores russo Serguei Lavrov.

Orbán defendeu que Hungria e Estados Unidos são os únicos países que realmente buscam a paz na Ucrânia, criticando outros governos: "Todos os outros governos preferem continuar a guerra, porque muitos acreditam que a Ucrânia pode vencer na linha de frente — o que é um completo mal-entendido da situação".

Enquanto isso, Trump expressou otimismo sobre o fim do conflito: "A disputa fundamental é que eles simplesmente ainda não querem parar [a guerra]. Mas acredito que vão parar", observando que o conflito teve "um grande impacto" tanto na Ucrânia quanto na Rússia.