O presidente francês Emmanuel Macron anunciou nesta terça-feira, 11 de novembro de 2025, a formação de um comitê especializado que auxiliará na elaboração da primeira Constituição do Estado da Palestina. O anúncio histórico foi feito durante encontro no Palácio do Eliseu, em Paris, com o líder palestino Mahmoud Abbas.
Comitê Constitucional Histórico
Macron revelou que o grupo terá caráter bilateral entre França e Autoridade Palestina e será responsável por definir os aspectos jurídicos, institucionais e organizacionais necessários para a criação de um Estado palestino viável e reconhecido internacionalmente. "Decidimos formar um comitê para consolidar o Estado da Palestina e contribuir com a redação de uma nova Constituição", declarou o presidente francês.
O líder palestino Mahmoud Abbas classificou a iniciativa como uma "decisão histórica" e "mensagem de esperança a um povo que luta por liberdade e independência". Durante a coletiva de imprensa conjunta, Abbas reafirmou o compromisso com a formação de um Estado democrático e desmilitarizado.
Ajuda Humanitária e Reconstrução
Como parte do pacote de apoio anunciado, a França destinará 100 milhões de euros (cerca de R$ 600 milhões) em ajuda humanitária para 2025. Os recursos serão aplicados na reconstrução da infraestrutura civil de Gaza e no apoio às comunidades deslocadas pelo conflito.
Segundo a agência oficial palestina WAFA, os dois líderes discutiram temas cruciais como:
- Estabilização da Faixa de Gaza
- Libertação de reféns e prisioneiros
- Reconstrução de áreas destruídas
- Prevenção de novas anexações israelenses
Abbas condenou publicamente a morte de civis e os ataques de 7 de outubro de 2023, cometidos pelo Hamas, além de reiterar repúdio ao antissemitismo.
Contexto Internacional e Reconhecimento
A iniciativa francesa ocorre após o reconhecimento oficial do Estado da Palestina pela França em setembro de 2025, movimento seguido por Reino Unido, Canadá e Austrália. Com essa decisão, os quatro países se somam a mais de 140 nações que já apoiam formalmente a criação de um Estado palestino nos territórios ocupados.
O cenário diplomático permanece complexo. Enquanto um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos entrou em vigor em outubro, Israel continua rejeitando qualquer possibilidade de reconhecimento de um Estado palestino. O ex-presidente americano Donald Trump criticou a recente onda de reconhecimentos, alinhando-se à posição israelense.
Abbas, em contrapartida, elogiou os esforços de Trump e outros líderes globais para promover um cessar-fogo duradouro e iniciar uma nova fase de negociações que leve ao desarmamento de grupos militantes, incluindo o Hamas.
Este movimento diplomático representa um passo significativo no longo processo de construção estadual palestina, ocorrendo em meio à crescente frustração internacional com a guerra em Gaza e o impasse diplomático imposto por Israel.