EUA planejam comprar 1 milhão de drones após lições da guerra na Ucrânia
EUA querem 1 milhão de drones em estratégia militar

Os Estados Unidos estão preparando uma revolução em sua estratégia militar com um plano ambicioso de aquisição de drones de ataque. O secretário do Exército americano, Daniel Driscoll, revelou à Reuters que o país pretende comprar pelo menos um milhão de drones nos próximos dois a três anos.

Lições do campo de batalha ucraniano

Segundo Driscoll, a mudança radical na estratégia americana foi diretamente influenciada pelas lições aprendidas com a guerra na Ucrânia. O conflito, que completará quatro anos em fevereiro, demonstrou o papel fundamental que drones pequenos e baratos podem desempenhar no campo de batalha moderno.

"Os drones são o futuro da guerra, e precisamos investir tanto nas capacidades ofensivas quanto nas defensivas contra eles", afirmou o secretário do Exército americano.

O conflito entre Rússia e Ucrânia mostrou como aviões de combate convencionais se tornaram raros devido à forte concentração de sistemas antiaéreos, abrindo espaço para os drones como armas predominantes.

Mudança radical na produção

Atualmente, os Estados Unidos compram apenas cerca de 50 mil drones por ano, tornando a nova meta um aumento extraordinário de 2.000%. "É um grande salto. Mas é algo que somos plenamente capazes de fazer", garantiu Driscoll.

Após atingir a meta inicial de um milhão de drones, o Exército americano pretende continuar adquirindo entre meio milhão e vários milhões de projéteis anualmente a partir de 2029.

Um dos objetivos centrais é estimular a produção doméstica de todos os componentes, desde motores sem escova e sensores até baterias e placas de circuito - setores atualmente dominados pela China.

Superando a dependência chinesa

Driscoll destacou que a Ucrânia e a Rússia produzem cerca de 4 milhões de drones por ano cada, enquanto os EUA estimam que a China produza mais do que o dobro desse número.

Para alcançar a autonomia estratégica, o Exército americano está mudando sua abordagem: em vez de se associar apenas a grandes empresas de defesa, pretende trabalhar com fabricantes de drones comerciais, incluindo aqueles usados em entregas da Amazon e outras aplicações civis.

"Queremos fazer parcerias com outros fabricantes de drones que os utilizam para entregas e diferentes finalidades", explicou o secretário.

Reforma na aquisição de drones

O Pentágono tenta superar um histórico irregular na aquisição de drones. Em julho, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, assinou um memorando revogando políticas restritivas que dificultavam a produção.

Parlamentares americanos apresentaram um projeto de lei que orienta o Pentágono a criar uma instalação no Texas capaz de produzir até 1 milhão de drones por ano. No entanto, Driscoll preferiu diversificar o financiamento, sem depender de uma única fábrica.

A nova filosofia trata os drones mais como munição descartável do que como equipamentos sofisticados e caros, seguindo o exemplo do ataque ucraniano surpresa em bases russas que causou prejuízo de US$ 7 bilhões com projéteis de US$ 3 mil cada.