EUA interceptam terceiro petroleiro perto da Venezuela em 10 dias; Rússia e China reafirmam apoio a Maduro
EUA interceptam 3º petroleiro perto da Venezuela em 10 dias

Os Estados Unidos interceptaram um terceiro navio petroleiro próximo à costa da Venezuela neste fim de semana, em uma escalada das ações do governo Trump para pressionar o regime de Nicolás Maduro. A informação foi revelada por agências de notícias no domingo (22) e representa a terceira apreensão do tipo em pouco mais de dez dias.

Reação internacional e apoio a Caracas

Em resposta à onda de interceptações, a Rússia reafirmou nesta segunda-feira seu "total apoio" à Venezuela. O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, expressou solidariedade ao presidente Nicolás Maduro durante uma conversa telefônica com o chanceler venezuelano, Yvan Gil. A declaração de apoio se junta à da China, que também manifestou respaldo a Caracas frente às apreensões.

A Rússia e a China são dois dos principais aliados internacionais do governo venezuelano. As interceptações americanas fazem parte de uma estratégia de pressão que inclui um amplo bloqueio anunciado na terça-feira (17) contra todos os petroleiros sujeitos a sanções que entram ou saem da Venezuela.

Detalhes das interceptações e estratégia americana

Segundo a agência Bloomberg, o petroleiro interceptado no domingo se chama Bella 1, usa bandeira panamenha e estava a caminho da Venezuela para ser carregado. Um oficial do governo dos EUA afirmou à Reuters que a embarcação está sob sanções e navega com bandeira falsa. A abordagem completa por tropas americanas ainda não teria ocorrido, mas a embarcação foi perseguida e interceptada.

Esta seria a segunda apreensão apenas neste final de semana, após a captura do petroleiro Centuries no sábado (20). A primeira ação ocorreu em 10 de dezembro, com o navio Skipper. O governo Trump não se pronunciou publicamente sobre a mais recente operação.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, reagiu às notícias afirmando que seu país enfrenta "uma campanha de agressão de terrorismo psicológico e corsários que assaltaram petroleiros". Anteriormente, seu governo havia classificado o bloqueio de Trump como uma "ameaça grotesca" e "pirataria internacional", prometendo que as apreensões "não ficarão impunes".

Impacto econômico e interesse geopolítico

As ações americanas têm um claro objetivo: estrangulamento da economia venezuelana, que depende fortemente da exportação de petróleo. A Venezuela detém a maior reserva comprovada do mundo, com cerca de 303 bilhões de barris, à frente de Arábia Saudita e Irã.

Grande parte desse petróleo é extra-pesado, ideal para as refinarias da Costa do Golfo dos EUA. Ao impedir o tráfego marítimo, Washington atinge dois objetivos: pressiona o governo Maduro e busca controlar o fluxo de um recurso estratégico. A China é a maior compradora do crude venezuelano, responsável por cerca de 4% de suas importações.

Os efeitos práticos já são sentidos. Reportagens indicam que Caracas começa a enfrentar falta de capacidade para armazenar petróleo, com embarques podendo chegar a mais de 600 mil barris por dia em dezembro. Um bloqueio prolongado pode retirar quase um milhão de barris diários do mercado, pressionando os preços para cima.

As interceptações ocorrem no contexto de uma ampla mobilização militar dos EUA no Caribe, que inclui sobrevoos no espaço aéreo venezuelano e bombardeios a embarcações suspeitas de tráfico de drogas. A chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, resumiu a tática: Trump "quer continuar explodindo barcos até Maduro gritar 'tio'".