Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada nesta sexta-feira, 14 de novembro de 2025, revelou dados surpreendentes sobre a opinião pública americana em relação às operações militares no Caribe. Apenas 29% dos cidadãos dos Estados Unidos apoiam o uso das Forças Armadas para matar suspeitos de narcotráfico sem processo judicial.
Divisão política sobre operações militares
O levantamento, realizado ao longo de seis dias e encerrado na quarta-feira anterior, mostrou que 51% dos americanos se opõem às execuções de suspeitos de tráfico de drogas, enquanto o restante não tinha opinião formada sobre o assunto.
A pesquisa evidenciou uma clara divisão partidária: entre os republicanos, 58% apoiam as operações enquanto 27% se opõem. Já no Partido Democrata, 75% dos eleitores são contra as ações militares e apenas 10% manifestam apoio.
Desde setembro de 2025, a Casa Branca ordenou pelo menos vinte ataques militares contra embarcações suspeitas nas proximidades da costa da Venezuela e, com menos frequência, da Colômbia. Essas operações resultaram na morte de pelo menos 79 pessoas.
Operação Lança Sul e tensão regional
Na noite de quinta-feira, 13 de novembro, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, anunciou o início da Operação "Lança Sul", uma ação militar contra o narcotráfico na América Latina que, embora não mencione diretamente a Venezuela, aumenta os temores de uma intervenção no país.
Em resposta, o governo venezuelano ativou os Comandos Integrados de Defesa, uma nova estrutura que reúne todas as instituições públicas do Estado, as forças armadas e o "poder popular" para fortalecer a capacidade defensiva em caso de confronto militar.
Nos últimos meses, os Estados Unidos mobilizaram um impressionante poderio militar para a região do Caribe, incluindo:
- O maior porta-aviões do mundo
- Destróieres com mísseis guiados
- Caças F-35
- Um submarino nuclear
- Mais de 6.500 soldados
Rejeição ao intervencionismo
A pesquisa mostrou ainda que apenas 35% dos americanos apoiam o uso da força militar contra a Venezuela sem a permissão do governo local para reduzir o fluxo de drogas ilegais.
Quando questionados sobre a derrubada do presidente Nicolás Maduro, os números foram ainda mais baixos: apenas 21% disseram apoiar o uso da força militar para removê-lo do poder. Uma parcela um pouco maior (31%) afirmou que apoiaria sua destituição pelos Estados Unidos "por meios não militares".
O governo Trump justifica suas ações afirmando que os Estados Unidos estão em guerra contra cartéis de drogas e que tribunais não são necessários em conflitos armados. A Casa Branca acusa Maduro de ser chefe do Cartel dos Sóis e ofereceu uma recompensa de US$ 50 milhões por sua captura.
Enquanto isso, líderes regionais, juristas e grupos de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional, condenaram os ataques como execuções extrajudiciais ilegais de civis e expressaram preocupação com violações do direito internacional.