
O clima no Parque São Jorge está longe de ser tranquilo — e olha que nem começou a temporada de verdade. Rodrigo Citadini, o novo diretor de futebol alvinegro, já chegou com o pé no acelerador e uma missão clara: cortar gastos e reorganizar a casa.
Mas ele faz questão de deixar uma coisa bem clara: isso não é — e não vai virar — uma caça às bruxas.
«Cobrar responsabilidade é uma coisa. Perseguir pessoas é outra completamente diferente», dispara Citadini, com a convicção de quem já viu de perto como crises institucionais podem descarrilar um clube.
O tom é firme, direto, quase um balde de água fria em quem esperava um acerto de contas com holofotes e dramaticidade. A prioridade, insiste ele, é outra: austeridade. Redução de custos. Enxugar a máquina para que o Corinthians volte a respirar fora do vermelho.
O Passado sob o Microscópio (Mas Sem Lynching)
Não se engane, porém. A gestão anterior — ou melhor, as gestões anteriores — não sairão ilesas. Citadini e a cúpula de Augusto Melo estão revirando cada contrato, cada despesa, cada decisão financeira tomada nos últimos anos.
«A gente precisa entender onde o dinheiro foi parar, qual o caminho que ele tomou. É uma questão de transparência e de responsabilização», explica o diretor, evitando nomear pessoas específicas, mas deixando claro que a investigação é profunda.
Há, sim, um ar de limpeza. Mas uma limpeza técnica, metódica, não passionais. O foco está nos números, não em nomes ou em vinganças. Querem descobrir os «gargalos financeiros» e desatar esses nós de uma vez por todas.
Nova Era, Velhos Problemas
O desafio é colossal. Todo mundo sabe. O Corinthians não é um clube qualquer; é uma paixão nacional, um gigante com contas de gigante e uma torcida que não aceita meios-termos.
Citadini parece ciente do tamanho do abacaxi. A sua fala é um misto de pragmatismo administrativo e quase um apelo à razão. Ele pede paciência. Alerta que os resultados sportivos — a tal da reestruturação em campo — virão como consequência de uma casa organizada fora dele.
«Primeiro a gente arruma a cozinha, para depois servir um banquete» — a analogia culinária soa perfeita para um momento de vacas magras.
O recado está dado. A gestão Augusto Melo chegou para cortar, reorganizar e responsabilizar. Mas promete fazer isso com a serenidade de quem opera, não com a fúria de quem apenas quer queimar arquivos.
O time do Corinthians, afinal, merece mais do que drama. Merece solidez.