
O clima em Brasília está pegando fogo — e não é só por causa do calor do Planalto Central. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, soltou o verbo nesta quarta-feira (24) em um discurso que deixou a oposição com os cabelos em pé. Chamando Jair Bolsonaro e seus aliados de "traidores da pátria", o petista não economizou na dose ao defender o polêmico aumento de impostos que vem sendo chamado de 'tarifaço'.
"Quem está sabotando o país são eles", disparou Haddad, com aquele jeito professoral que sabe cutucar onde dói. "Em vez de ajudar, ficam criando caso. Melhor saírem do caminho."
O estopim da briga
Tudo começou quando a base bolsonarista resolveu fazer barulho sobre os reajustes tributários — aqueles mesmos que, segundo economistas, podem fazer o preço do pãozinho subir quase 10% até o fim do ano. Na visão do ministro, a oposição estaria usando o tema como "arma política" em pleno ano eleitoral.
Não deu outra: os ânimos se exaltaram. De um lado, Haddad falando em "interesses escusos". Do outro, deputados da direita gritando "volta para São Paulo" — como se o ministro fosse um torcedor visitante em estádio de futebol.
Os números que ninguém quer ver
Entre uma acusação e outra, os técnicos do governo tentam explicar (quase em vão) que:
- A carga tributária precisa ser reequilibrada depois da "farra" de desonerações do governo anterior
- Sem os ajustes, o risco de inflação disparar é real — e aí o buraco seria mais embaixo
- Até mesmo o FMI está de olho nas contas brasileiras
Mas convenhamos: nesse jogo de empurra-empurra, quem paga o pato é sempre o mesmo — o cidadão que já está apertando o cinto até o último furo.
E agora, José?
Enquanto os políticos se digladiam, os especialistas fazem cara de paisagem. "Isso aqui tá parecendo briga de torcida organizada", resmungou um assessor parlamentar que preferiu não se identificar — provavelmente pra não levar pedrada dos dois lados.
O fato é que, com as eleições municipais se aproximando, a temperatura só tende a subir. E se depender do ministro da Fazenda, a resposta para os críticos será sempre a mesma: "Peguem a estrada e não atrapalhem".
Rest saber se o eleitorado vai engolir essa retórica ou se, como dizem por aí, "o peixe morre pela boca".