O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, teria admitido em conversas privadas que prenderia Jair Bolsonaro caso o então presidente tentasse um golpe de Estado. A revelação foi confirmada pelo general Mauro Cesar Lourena Cid Baptista em seu depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (23).
Segundo Baptista, as declarações ocorreram durante reuniões no Palácio da Alvorada no primeiro semestre de 2022, período marcado por tensões entre o governo e as Forças Armadas. "Ele foi claro: se houvesse qualquer movimento irregular, o Exército cumpriria seu papel constitucional", afirmou o militar à PF.
Contexto da crise
Os depoimentos se referem ao clima de instabilidade política que marcou o ano eleitoral de 2022, quando Bolsonaro questionava publicamente a confiabilidade do sistema eleitoral. As Forças Armadas foram pressionadas a se posicionar, gerando atritos entre o alto comando militar e o então presidente.
Fontes próximas ao caso afirmam que Freire Gomes teria dito textualmente: "Se ele [Bolsonaro] der um golpe, eu o prendo". A afirmação teria sido feita diante de outras autoridades militares e civis.
Repercussão política
O caso reacende o debate sobre:
- Os limites da atuação política das Forças Armadas
- O papel estabilizador das instituições durante crises
- As tensões não resolvidas do governo Bolsonaro
Especialistas em direito constitucional destacam que, embora as Forças Armadas tenham o dever de garantir a lei e a ordem, qualquer ação contra um presidente em exercício exigiria fundamentação jurídica sólida.
Próximos passos
A PF deve ouvir outras testemunhas que participaram das reuniões no Alvorada. O depoimento de Freire Gomes é aguardado nas próximas semanas e promete trazer novos elementos sobre este capítulo da política brasileira.
