
O clima em Brasília era de estratégia fina nesta quinta-feira. Lula, num daqueles movimentos que lembra mestre de xadrez, reuniu-se com uma galera fundamental para os planos do Brasil no tabuleiro global: os representantes dos oito países que, junto com a gente, dividem a maior floresta tropical do planeta.
A missão? Bem, não era exatamente simples. O presidente quer – e muito – que Belém do Pará vire a capital mundial do clima em 2025, sediando a COP30. Mas para isso, precisa convencer os vizinhos de que essa é uma jogada de todos, não só nossa.
Uma Reunião de Alinhamento (e Muito Mais que Isso)
À mesa, estavam embaixadores e altos representantes de Bolívia, Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Guiana, Suriname e claro, a Guiana Francesa. A conversa, segundo fontes que acompanharam o encontro, foi direta ao ponto. Lula não tava lá para fazer rodeios.
"Precisamos chegar na COP30 com uma posição unificada", teria dito o presidente, defendendo que a voz da Amazônia precisa ecoar como um coro, e não um monólogo. A ideia é evitar que potências de outros continentes venham ditar como devemos manejar nosso próprio bioma. É uma questão de soberania, sim, mas também de pragmatismo.
Por que Belém? A Jogada Mestra
Sediar uma conferência do clima desse porte não é só sobre fazer bonito. É sobre colocar o dedo na ferida. Literalmente. Imagina discutir o futuro da Amazônia… estando a quilômetros de distância dela? Soa falso, não é?
Levar a COP30 para o coração da floresta é um statement poderosíssimo. É colocar os tomadores de decisão frente a frente com a realidade – com a exuberância, os desafios, os conflitos. É forçar o mundo a ver. E o governo acha, com certa razão, que isso pode ser um trunfo e tanto nas negociações.
Mas calma, não é só poesia. Há um caminho espinhoso pela frente. A infraestrutura de Belém precisará de investimentos pesados para receber delegações do mundo inteiro. É hotel, transporte, segurança, tecnologia… uma logística dos infernos. O governo garante que isso já está nos planos, mas todo mundo sabe que o diabo mora nos detalhes.
O que Esperar Agora?
A reunião de hoje foi o pontapé inicial de uma longa campanha diplomática. O Itamaraty já deve estar com a agenda lotada de reuniões bilaterais para os próximos meses. O objetivo é claro: angariar cada voto possível até a decisão final, que deve rolar na COP29, no ano que vem no Azerbaijão.
O sentimento é de otimismo cauteloso. Os países amazônicos historicamente têm interesses diversos – sometimes até conflitantes – quando o assunto é desenvolvimento versus conservação. Alinhar todos sob a mesma bandeira será, no mínimo, um exercício de paciência e jogo de cintura diplomática.
Mas uma coisa é certa: o Brasil está de volta ao jogo. E dessa vez, não quer jogar sozinho. Quer liderar o time todo. Resta saber se todos vão querer vestir a mesma camisa.