Audiência de Tatiana Medeiros começa segunda com 112 depoimentos
Audiência de Tatiana Medeiros começa segunda (24)

O Fórum Eleitoral de Teresina será palco de um dos processos judiciais mais aguardados no Piauí. A partir de segunda-feira (24), a vereadora Tatiana Medeiros e outros oito réus enfrentarão audiência de instrução e julgamento que deve se estender até sexta-feira (28).

Detalhes do processo e segurança

A audiência ocorrerá na sede do Fórum Eleitoral, localizada na Zona Sul da capital piauiense, com reforço significativo na segurança. A presença de público foi vetada - apenas juízes, réus, advogados, testemunhas, servidores e jornalistas credenciados terão acesso ao local.

Originalmente marcada para ocorrer entre 13 e 17 de outubro, a sessão foi cancelada pela Justiça Eleitoral após o Tribunal de Justiça do Piauí anular um relatório financeiro que servia como base para as acusações. O documento havia sido obtido sem autorização judicial.

Números do julgamento

Nos cinco dias de audiência, 112 pessoas devem ser ouvidas, incluindo os nove acusados e 103 testemunhas apresentadas tanto pela defesa quanto pelo Ministério Público. A juíza Junia Maria Feitosa Fialho, da 1ª Zona Eleitoral de Teresina, informou que a expectativa é ouvir pelo menos 20 pessoas por dia.

Os réus e as acusações

Além da vereadora Tatiana Medeiros (PSB), que responde por organização criminosa, corrupção eleitoral, falsidade ideológica eleitoral, peculato e lavagem de dinheiro, outros oito pessoas enfrentam a Justiça:

  • Alandilson Cardoso Passos (namorado): organização criminosa, corrupção eleitoral, violação do sigilo do voto, agiotagem e lavagem de dinheiro
  • Stênio Ferreira Santos (padrasto): organização criminosa, corrupção eleitoral, violação do sigilo do voto, peculato, apropriação indébita eleitoral, agiotagem e lavagem de dinheiro
  • Maria Odélia de Aguiar Medeiros (mãe): organização criminosa, corrupção eleitoral, apropriação indébita eleitoral e lavagem de dinheiro
  • Emanuelly Pinho de Melo (assessora): organização criminosa, corrupção eleitoral e lavagem de dinheiro
  • Bianca dos Santos Teixeira Medeiros (irmã): organização criminosa e corrupção eleitoral
  • Lucas de Carvalho Dias Sena (cunhado): organização criminosa e corrupção eleitoral
  • Bruna Raquel Lima Sousa (funcionária da ONG Vamos Juntos): organização criminosa e corrupção eleitoral
  • Sávio de Carvalho França (funcionário da ONG Vamos Juntos): organização criminosa e corrupção eleitoral

Histórico do caso

Tatiana Medeiros foi presa em 3 de abril durante a Operação Escudo Eleitoral da Polícia Federal. Segundo as investigações, sua campanha para a Câmara de Teresina em outubro de 2024 teria sido financiada com recursos ilícitos de uma facção criminosa.

A Justiça Eleitoral afastou a vereadora do cargo, sendo substituída pelo suplente Leondidas Júnior (PSB) após 60 dias, conforme determina o regimento da casa.

Durante o período de detenção no Quartel do Comando Geral, Tatiana passou mal e precisou ser internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) e no Hospital da Polícia Militar (HPM). Em 3 de junho, a Justiça autorizou sua prisão domiciliar por motivo de saúde.

Em 10 de outubro, a vereadora foi solta por liminar após a anulação do relatório financeiro, mas três dias depois o Tribunal Regional Eleitoral decidiu manter a prisão domiciliar e o afastamento do cargo, argumentando que seu retorno à Câmara poderia levar à destruição de provas e ao retorno da influência do crime organizado no Poder Legislativo.