
O cenário político norte-americano está pegando fogo — de novo. E dessa vez, o estopim veio de uma ameaça que soa mais como roteiro de filme de suspense jurídico. Donald Trump, aquele mesmo que nunca sai dos holofotes, prometeu arrastar para os tribunais ninguém menos que George Soros e seu filho, Alex. A arma escolhida? A poderosa e infame Lei RICO, normalmente reservada para desmantelar organizações criminosas. Sim, você leu direito.
Não foi um tuíte qualquer, claro. A declaração bombástica veio através da sua própria rede social, a Truth Social, num daqueles textos em caixa alta que são a sua marca registrada. A acusação é grave: Trump alega que os Soros estariam bancando — com muito dinheiro — uma série de ações criminosas contra ele, seu círculo e… o próprio sistema de justiça americano. É de cair o queixo.
Mas calma, o que é essa tal Lei RICO?
Para quem não é familiarizado com o juridiquês americano, a Lei RICO (Racketeer Influenced and Corrupt Organizations Act) é um verdadeiro pesadelo para quem é alvo dela. Criada originalmente para combater a máfia, ela permite que promotores liguem vários crimes aparentemente isolados a uma única organização criminosa. Aplicá-la a um magnata financeiro e filantropo como Soros é, no mínimo, ousado. Trump, é claro, não tem medo de ousadias.
Ele não parou por aí. Afirmou, com todas as letras, que os Soros são os “verdadeiros chefes” por trás de uma suposta rede de promotores e autoridades que estariam perseguindo ele e seus aliários politicamente. A retórica é forte, e o tom, bem, é o de sempre: confrontador e cheio de convicção.
E o que isso significa na prática?
Bom, especialistas jurídicos já começam a coçar a cabeça. Processar alguém sob a Lei RICO não é como mover uma ação por danos morais. Exige provas robustas de um padrão de atividade criminosa — algo extremamente complexo de se demonstrar, especialmente contra figuras públicas de alto perfil. Muitos veem a ameaça mais como uma manobra política, uma peça de xadrez no tabuleiro midiático, do que como um processo que de fato prosperará.
O contexto, como sempre, é tudo. Trump enfrenta uma penca de processos judiciais sérios — quatro ações criminais, para ser exato. Ele e seus apoiadores veem nisso uma perseguição política coordenada. E, na visão deles, apontar o dedo para Soros, uma figura frequentemente demonizada em certos círculos conservadores, é uma forma de contra-ataque. É o clássico “não sou eu, são eles”.
Até agora, silêncio absoluto do outro lado. Nem George nem Alex Soros se manifestaram publicamente sobre a ameaça. Mas é certo que os holofotes do mundo estão virados para eles, aguardando qualquer reação. O bilionário húngaro-americano, conhecido por financiar causas liberais e democráticas ao redor do globo, já está acostumado a ser alvo, mas uma ameaça legal direta de um ex-presidente é outro nível.
O que vai dar isso? Sinceramente, é difícil prever. O sistema judicial americano é uma balança lenta e meticulosa. Pode ser que a ação nem seja movida, ficando apenas na retórica inflamada. Ou pode ser que se transforme no próximo grande processo espetacular, arrastando-se por anos e definindo ainda mais as trincheiras políticas. Uma coisa é certa: Trump mais uma vez conseguiu que todo mundo falasse sobre ele.
Fica a pergunta no ar: é uma jogada genuína ou apenas mais um capítulo na guerra de narrativas que ele domina como ninguém? O tempo — e os tribunais — dirão.