Líder do PT acusa PL Antifacção de Derrite de 'nova PEC da Blindagem'
PT: PL Antifacção é 'nova PEC da Blindagem'

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), realizou uma acusação grave durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (10 de novembro de 2025). O parlamentar afirmou que o relatório sobre o PL Antifacção apresentado pelo deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) representa uma nova versão da PEC da Blindagem, proposta que foi rejeitada pelo Congresso em setembro.

Esvaziamento da Polícia Federal

De acordo com Lindbergh Farias, o texto elaborado por Derrite tem como principal problema o esvaziamento dos poderes da Polícia Federal. A proposta determina que a PF somente poderá investigar os crimes previstos no projeto mediante autorização expressa do Ministério da Justiça e dos governos estaduais.

"Isso é inconstitucional", declarou o líder petista durante a coletiva. "A Polícia Federal pode fazer trabalho e operação contra organização criminosa e não precisa de autorização do governador. O que estão querendo aqui, na minha avaliação, é tirar força da PF."

Padrão de comportamento no Parlamento

Lindbergh foi ainda mais enfático ao identificar os autores da manobra. "Quando eu identifico os mesmos setores aqui de dentro do Parlamento que atuaram pela 'PEC da Blindagem', da 'Bandidagem', estão 'enxertando' estes artigos aqui dentro", denunciou o parlamentar.

O petista alertou que investigações de grande impacto realizadas recentemente não seriam possíveis caso a proposta de Derrite já estivesse em vigor. Como exemplo, citou a Operação Carbono Oculto, que revelou conexões entre a Faria Lima e um bilionário esquema de lavagem de dinheiro montado pelo PCC em São Paulo.

Caso do Rio de Janeiro como exemplo

Lindbergh também mencionou uma investigação específica no Rio de Janeiro para ilustrar seus argumentos. "O ministro Alexandre de Moraes tirou o sigilo de um inquérito no Rio de Janeiro sobre organizações criminosas, Comando Vermelho e seu braço político e de lavagem de dinheiro", explicou.

"Esse inquérito e essa investigação acontecem desde agosto. Pode ser que tenha muita gente da política do Rio envolvida nisso. Você acha mesmo que o governador Cláudio Castro iria pedir a intervenção da Polícia Federal?", questionou o líder do PT, sugerindo que governadores poderiam usar o novo mecanismo para bloquear investigações que envolvessem aliados políticos.

A declaração de Lindbergh Farias acende um alerta sobre as possíveis consequências do PL Antifacção para o combate ao crime organizado no Brasil, especialmente considerando o timing da proposta, que surge pouco depois do fracasso da PEC da Blindagem no Legislativo.