Um vídeo emocionante que supostamente mostra um cachorro salvando seu tutor de ser esmagado por um carro durante um conserto viralizou nas redes sociais, mas a cena não passa de uma criação de inteligência artificial. A informação foi confirmada pela equipe do Fato ou Fake após análise técnica detalhada.
Como o vídeo falso se espalhou
O material começou a circular no início de outubro e rapidamente conquistou milhões de visualizações no Instagram, TikTok e Facebook. Uma única publicação no TikTok alcançou a marca impressionante de mais de 28 milhões de visualizações, mostrando o poder de viralização de conteúdos emocionantes, mesmo quando falsos.
As legendas que acompanhavam o vídeo reforçavam a narrativa enganosa, com frases como "Cão alerta tutor de possível acidente" e "Cães são considerados os melhores amigos dos seres humanos". Essas descrições omitiam deliberamente que se tratava de conteúdo gerado por IA, enganando os usuários desprevenidos.
A cena que comoveu - mas não aconteceu
O vídeo mostra um homem consertando a roda traseira direita de uma camionete, enquanto seu cachorro permanece próximo. De repente, o animal fica agitado e começa a latir insistentemente, forçando o tutor a se movimentar. Segundos depois, o veículo despenca do suporte e atinge levemente a pessoa, em uma suposta demonstração de que o "pressentimento" do cão evitou uma tragédia maior.
Nos comentários, muitos usuários manifestaram admiração pela cena, com mensagens como: "Sexto sentido tem o animal, que lindo" e "Deus abençoe este doguinho e o seu dono com certeza ele viu algo errado porque os cães sentem e veem o que nós não vemos e eles nos avisam".
Como a falsificação foi descoberta
A equipe do Fato ou Fake submeteu o material à ferramenta Hive Moderation, especializada em detectar conteúdos criados com inteligência artificial. O resultado foi contundente: 98,5% de probabilidade de o vídeo ter sido gerado por IA ou ser um deepfake.
Os especialistas também utilizaram a plataforma InVid para dividir o clipe em frames individuais e realizar buscas reversas no Google Lens. Essa técnica permite verificar se as mesmas cenas foram publicadas anteriormente e em quais contextos.
A investigação levou à publicação original no TikTok, de 3 de outubro, que já continha a sinalização da própria plataforma: "Essa informação é gerada por IA e pode apresentar resultados que não sejam relevantes". O canal responsável pelo conteúdo viral apresenta outros vídeos surreais envolvendo animais e situações curiosas, típicos de publicações criadas artificialmente.
Este caso serve como alerta para a crescente sofisticação das falsificações digitais e a importância de verificar informações antes de compartilhá-las nas redes sociais.