O acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza completou exatamente um mês nesta segunda-feira (10), marcado por um balanço trágico de vidas perdidas e denúncias de violações por ambas as partes envolvidas no conflito.
Segundo informou o grupo Hamas através de comunicado oficial, 271 palestinos foram mortos durante os 30 dias de trégua, incluindo 107 crianças, 39 mulheres e 9 idosos. Outras 622 pessoas ficaram feridas nos bombardeios e disparos ocorridos no período.
Crise humanitária se agrava
O grupo islâmico revelou que apenas 40% da ajuda humanitária prevista no acordo conseguiu entrar em Gaza durante este primeiro mês. O documento estabelecia a entrada de 600 caminhões diários, sendo 50 deles carregados com combustível.
As entregas efetivas não ultrapassaram 200 caminhões por dia, representando menos da metade do combinado. O Hamas ainda acusou Israel de registrar falsamente parte das remessas comerciais como ajuda humanitária.
Acusações mútuas de violações
Enquanto isso, Israel mantém suas próprias acusações contra o Hamas. A Força de Defesa de Israel (FDI) alegou que terroristas têm cruzado a linha amarela e se aproximado das tropas israelenses, representando ameaça imediata à segurança dos soldados.
O governo de Tel Aviv também reclama da não devolução dos restos mortais de quatro reféns feitos em outubro de 2023. O ministro da Defesa israelense, Israel Kartz, afirmou que o objetivo é destruir todos os túneis do Hamas em Gaza e desmilitarizar completamente a região.
Bloqueio à ajuda da UNRWA persiste
Uma das questões mais críticas diz respeito ao bloqueio contínuo da ajuda humanitária fornecida pela Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA). Isso ocorre apesar da determinação da Corte Internacional de Justiça (CIJ) que obriga Israel a permitir a entrada dos suprimentos.
Segundo dados da ONU, nenhum veículo da UNRWA conseguiu entrar em Gaza durante todo o período do cessar-fogo, resultando no acúmulo de mais de 6.000 remessas de suprimentos essenciais.
O Escritório da ONU para Ajuda Humanitária (Ocha) informou que 23 pedidos de nove agências humanitárias para levar quase 4.000 paletes de suprimentos de abrigo foram rejeitados pelas autoridades israelenses.
O Hamas argumenta que a destruição da infraestrutura de Gaza e a falta de equipamentos de escavação dificultam a localização de todos os corpos dos reféns, mas afirma ter conseguido encontrar 24 dos 28 corpos e fornecido as coordenadas para localização dos demais.