Bélgica recorre a aliados após drones suspeitos fecharem aeroportos
Bélgica recebe tropas estrangeiras contra drones

A Bélgica está mobilizando forças estrangeiras para combater uma série de incursões de drones que têm sobrevoado áreas sensíveis do país, incluindo aeroportos e uma usina nuclear. As autoridades suspeitam que os voos não autorizados possam estar ligados à Rússia, embora ainda não existam provas concretas sobre a origem dos aparelhos.

Fechamento de aeroportos e ameaça nuclear

Os incidentes começaram a ocorrer nas últimas duas semanas e já provocaram o fechamento temporário do aeroporto de Bruxelas, o mais movimentado do país, por várias horas. Casos semelhantes foram registrados no aeroporto de carga de Liège e em uma base aérea próxima.

Segundo informações divulgadas nesta segunda-feira, 10 de novembro de 2025, alguns dos drones avistados eram de grande porte e voavam em formação, indicando operação por profissionais altamente treinados. A situação gerou preocupação com possíveis operações de espionagem em território europeu.

Resposta internacional e investimentos emergenciais

Para enfrentar a ameaça, a Bélgica recebeu o apoio de equipes antidrones da França, Alemanha e Reino Unido. Cerca de vinte especialistas da Força Aérea Real britânica chegaram ao país com equipamentos capazes de bloquear os sinais eletrônicos usados pelos drones para navegação e controle remoto.

O governo belga anunciou na última sexta-feira, 7 de novembro, a liberação de 50 milhões de euros (cerca de 306 milhões de reais) para investir em tecnologias de detecção e neutralização de drones. O prazo para a chegada dos equipamentos, no entanto, ainda não foi definido.

Suspeitas sobre a Rússia e negações

Um funcionário belga, sob anonimato, afirmou à Reuters: "Não estamos dizendo que é a Rússia, mas parece com a Rússia. Não conseguimos vincular nenhum incidente a um ator específico - ainda não temos nada".

O ministro da Defesa belga, Theo Francken, admitiu que o país pode ser alvo de atenção por abrigar ativos financeiros russos congelados pela União Europeia no sistema Euroclear. Esses fundos seriam usados para financiar a defesa e reconstrução da Ucrânia.

A embaixada russa em Bruxelas negou qualquer envolvimento, afirmando que Moscou "não tem motivo nem interesse" em tais atividades. O Kremlin já havia advertido que qualquer uso dos fundos congelados provocaria uma "resposta dolorosa".

O fenômeno não se limita à Bélgica. Outros países da Otan, incluindo Polônia, Romênia, Alemanha, Noruega e Dinamarca, também registraram veículos aéreos não tripulados em seus territórios nos últimos meses. Em paralelo, a União Europeia anunciou no final de setembro a construção de um "muro de drones" para conter as incursões russas.