Lula e Bolsonaro: A desilusão de dois líderes sem povo nas ruas
Lula e Bolsonaro: líderes sem apoio popular nas ruas

Dois dos mais importantes líderes políticos do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, viveram recentemente a mesma desilusão: o povo que sempre disseram representar não apareceu nas ruas para defendê-los quando a Justiça apertou o cerco.

O populismo que não se concretizou

Ambos os ex-presidentes construíram suas carreiras políticas com discursos populistas e centralizadores, apresentando-se como verdadeiros representantes das massas brasileiras. Lula e Bolsonaro sempre afirmaram ter o poder de mobilizar multidões para alcançar objetivos políticos ou escapar de situações difíceis.

A realidade, contudo, mostrou-se bem diferente. Durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Lula e outros petistas de peso ameaçaram colocar um exército vermelho nas ruas para impedir a destituição da colega de partido. A ameaça não funcionou: a queda de Dilma foi aprovada por ampla margem de votos, e o povo não apareceu como o PT sonhava.

História que se repete

O mesmo cenário se repetiu quando Lula estava prestes a ser preso pela Operação Lava-Jato. Não houve comoção popular significativa nem resistência de grande proporção nas ruas. A mobilização se limitou a companheiros no Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP), onde o então ex-presidente se despediu de amigos e fez um comício antes de se entregar à Polícia Federal.

Essa falta de apoio popular não é um fenômeno recente na política brasileira. Em 1961, o então presidente Jânio Quadros renunciou ao cargo alegando sofrer fortes pressões, esperando voltar ao poder nos braços do povo. O plano não deu certo: a população não saiu em sua defesa, e ele ficou sem a faixa presidencial e com fama de amalucado e histriônico.

Bolsonaro e o fim melancólico

Jair Bolsonaro, seguindo os passos de seus antecessores, sofreu do mesmo problema. Durante anos, ele se gabou de protagonizar grandes atos populares, que de fato ocorreram em determinados momentos. Uma de suas provocações prediletas era dizer que Lula não podia sair às ruas.

Com o avanço do processo sobre tentativa de golpe no Supremo Tribunal Federal, as marchas bolsonaristas foram perdendo força e terminaram de forma melancólica. No dia 25 de novembro de 2025, quando o ex-presidente foi preso para cumprir a pena de 27 anos e três meses de prisão na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, quase ninguém apareceu para lhe prestar apoio.

Até mesmo nas redes sociais, como mostra uma reportagem da nova edição de VEJA, não houve tanta reação como antes. A desilusão com a falta de apoio popular mostrou-se suprapartidária, afetando igualmente líderes de diferentes espectros políticos.

O episódio revela uma importante lição sobre a política brasileira: o povo não tem dono, e a relação entre líderes populistas e suas bases de apoio pode ser mais frágil do que aparenta.