A paralisação nacional de caminhoneiros anunciada para esta quinta-feira, 4 de dezembro de 2025, não se concretizou, configurando um grande fracasso do movimento em todo o país. Até o fim da manhã, nenhuma rodovia federal registrou bloqueios ou incidentes relacionados à greve, conforme monitoramento da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Tráfego normal nas principais estradas
O cenário de normalidade predominou em importantes vias do país. Na Via Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo, o tráfego seguia sem interrupções, como registrado no km 78 no início da tarde. A Rodovia dos Bandeirantes (SP-348), principal ligação entre a capital paulista e Campinas, também operava normalmente em seus 81 quilômetros.
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) de São Paulo igualmente não identificou qualquer movimentação no sentido de paralisar as pistas sob sua gestão. No estado do Rio de Janeiro, a situação era similar, sem registros de paralisações que afetassem o fluxo de veículos.
Origens do movimento e reivindicações
A intenção de greve partiu de um encontro entre Francisco Dalmora Burgardt, o Chicão Caminhoneiro, representante da União Brasileira dos Caminhoneiros, e o desembargador aposentado Sebastião Coelho, que ofereceu apoio jurídico. O grupo chegou a protocolar um aviso de paralisação na Presidência da República.
As principais demandas apresentadas pela categoria eram:
- Aposentadoria especial para caminhoneiros.
- Reestruturação do Marco Regulatório do Transporte de Cargas.
- Estabilidade contratual para os profissionais do setor.
Entretanto, o movimento também serviu para aglutinar apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que tentaram incluir na pauta a anistia para os condenados pelos atos do 8 de Janeiro, incluindo o ex-presidente e seus auxiliares recentemente presos.
Declarações e histórico recente
Em uma gravação divulgada, Chicão Caminhoneiro afirmou ter conversado com outros líderes sobre a paralisação, mas destacou que a categoria não pode impedir o direito de ir e vir. “Temos que respeitar toda a legislação que é imposta à categoria no sentido de permitir o livre trânsito das pessoas”, declarou.
Após deixar a Presidência da República, o grupo não promoveu novas manifestações. Este não é o primeiro anúncio que não se concretiza: em agosto de 2025, Coelho e Chicão também haviam feito publicações sobre uma possível paralisação que igualmente não ocorreu.
Contraste com paralisações anteriores
O fracasso do movimento desta quinta-feira contrasta fortemente com o caos logístico de maio de 2018, durante o governo Michel Temer. Naquela ocasião, caminhoneiros insatisfeitos com o aumento dos combustíveis fecharam diversas rodovias por dez dias, causando desabastecimento em supermercados e uma crise federal que forçou o governo a negociar.
Em 2021, caminhoneiros também se mobilizaram para Brasília durante as comemorações do 7 de Setembro, em um ato de apoio a Bolsonaro e de protesto contra ministros do STF. Naquele evento, um forte policiamento coordenado garantiu que a manifestação ocorresse de forma pacífica.
A ausência de adesão à convocação de greve em dezembro de 2025 indica uma desmobilização da categoria ou a falta de apoio às lideranças que articularam o movimento, mantendo o tráfego de mercadorias e pessoas fluindo normalmente em todo o território nacional.