
O governador Jorginho Mello resolveu cutucar a onça com vara curta — e que onça! Em entrevista que promete dar o que falar, ele não poupou críticas ao sistema de cotas da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) que reserva vagas para estudantes do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Parece que a coisa tá ficando quente por aqui. O chefe do executivo catarinense simplesmente questionou se essa política — criada ainda na gestão anterior — faz mesmo sentido nos dias de hoje. Ele não entende por que Santa Catarina, que tanto investe em educação, precisa "importar" estudantes de outras regiões.
O que exatamente está em jogo?
A Udesc, aquela universidade estadual que a gente tanto se orgulha, mantém desde 2023 um programa que separa 5% das vagas totais — isso dá aproximadamente 72 vagas por ano — especificamente para candidatos dessas três regiões do país. A justificativa? Promover uma integração nacional e diversificar o perfil dos estudantes.
Mas Jorginho Mello tá com outra pulga atrás da orelha. Na visão dele, o estado já faz sua parte — e que parte! — investindo pesado na educação básica. "A gente gasta rios de dinheiro para ter uma das melhores educações do país", ele argumentou, "e daí precisa abrir vagas para quem não contribuiu com isso?"
E os números, como ficam?
Vamos botar na ponta do lápis: estamos falando de 72 oportunidades que, na avaliação do governador, poderiam estar beneficiando jovens catarinenses. É uma daquelas discussões que divide opiniões — tem quem veja como justiça social, outros como injustiça regional.
O timing dessa fala não poderia ser mais estratégico. A Udesc está justamente revisando seu plano de metas para os próximos anos, e essa polêmica chega como uma bomba no meio do processo. Agora a comunidade acadêmica se pergunta: será que as regras vão mudar?
O que me preocupa — e muito — é o precedente que isso pode criar. Será que outros estados vão seguir o exemplo e fechar suas portas? A gente tá falando de mobilidade estudantil ou de uma espécie de "regionalização" do acesso ao ensino superior?
Enquanto isso, nas redes sociais, a briga já começou. De um lado, os que apoiam o governador e sua defesa dos "interesses catarinenses". Do outro, quem vê a medida como um retrocesso nas políticas de inclusão. E no meio de tudo isso, os estudantes — tanto os de aqui quanto os de lá — esperando para ver onde vão cair os pedaços.
Uma coisa é certa: o debate sobre quem tem direito a que vaga na universidade pública acabou de ganhar um novo — e acalorado — capítulo. E Santa Catarina, sem querer, virou o centro das atenções nessa discussão que mexe com feridas antigas do nosso país.