Economista ensina como começar 2026 sem dívidas: passo a passo
Como começar 2026 sem dívidas: guia do economista

A virada para um novo ano costuma vir acompanhada de promessas de recomeço, mas, para o bolso do brasileiro, janeiro muitas vezes significa um desembolso pesado. IPVA, IPTU, material escolar e as contas do fim de ano anterior formam uma tempestade perfeita que pode comprometer as finanças desde o primeiro mês. Para evitar iniciar 2026 já com a corda no pescoço, o planejamento deve começar ainda em 2025, defende o economista Wandemberg Almeida, presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE).

O que fazer com o dinheiro extra de fim de ano?

Em entrevista ao g1, Almeida apresentou um roteiro claro de prioridades para aplicar qualquer valor extra recebido no período, como o décimo terceiro salário ou bônus. A base, segundo ele, é tratar esses recursos como verdadeiramente extras e não como parte da renda habitual.

A primeira e mais urgente etapa é quitar dívidas com juros altos, especialmente as do cartão de crédito e do cheque especial. "Nós sabemos que cartão de crédito hoje, os juros acumulados do ano dá mais de 400%. Então, é importantíssimo, se você tem esse recurso, você quitar mais rapidamente", alertou o especialista.

Em seguida, é hora de usar parte do valor para colocar em dia contas essenciais atrasadas, como energia, água e internet. Com as dívidas controladas, o próximo passo é olhar para a frente: quem não tem débitos, ou após quitá-los, deve separar uma reserva para as obrigações de janeiro e fevereiro.

"O importante é que mesmo que a gente tenha terminado o ano de 2025, a gente possa começar 2026 com um propósito financeiro realmente bem colocado, bem planejado", afirmou Almeida.

Investir e, só depois, curtir

Com as contas futuras garantidas, é o momento de pensar em aplicar. O economista destaca que investimento não é privilégio para grandes fortunas. "Lembrando, investimento não é em alto valor. Você pode começar a investir a partir de 40 reais", disse, citando opções acessíveis como CDB (Certificado de Depósito Bancário) e Tesouro Direto.

O lazer e os presentes de fim de ano entram no planejamento apenas após o cumprimento de todas as etapas anteriores. "Já fiz tudo isso, teve uma sobra, você pode pensar em utilizar a parte do recurso para se divertir", orienta.

Planejamento detalhado para todo o ano de 2026

Para manter a saúde financeira ao longo de todo o próximo ano, Wandemberg Almeida enfatiza a necessidade de um orçamento detalhado. O processo envolve três ações principais:

  1. Listar todos os gastos fixos mensais, como aluguel e contas de consumo.
  2. Prever gastos futuros, identificando no calendário datas comemorativas e aniversários, e separando pequenos valores mensais para eles.
  3. Cortar gastos desnecessários que surgem claramente após o mapeamento completo.

O economista chama a atenção para os "gastos invisíveis", como cafezinhos e lanches fora de casa, que podem consumir mais de 20% do orçamento sem que a pessoa perceba. O conselho final é de autoconhecimento: "não queira viver de status, não compre o que você não precisa com o dinheiro que você não tem para dar satisfação para quem não precisa".

O perigo do cartão de crédito e dos "coaches" milagrosos

Almeida destacou o cartão de crédito como a principal armadilha financeira no Ceará e no Brasil. O erro, segundo ele, é tratar o limite disponível como se fosse renda, criando uma ilusão perigosa que leva a uma "bola de neve" de dívidas com juros altíssimos.

O presidente do Corecon-CE também fez um alerta sobre influencers e coaches financeiros que prometem enriquecimento rápido nas redes sociais. "Esses coaches, do nada, ficam de um mil ao um milhão... começam a criar uma história", criticou. Ele afirma que muitos são patrocinados para promover investimentos específicos e recomenda que as pessoas busquem instituições financeiras registradas no Banco Central e façam aplicações de acordo com seu perfil.

A mensagem final de Wandemberg Almeida é um chamado à responsabilidade e ao autocontrole. Segundo ele, com metas claras e acompanhamento constante, é possível redirecionar completamente a rota das finanças pessoais e chegar a lugares que antes pareciam distantes.