A educadora Patrícia Oliveira, professora e coordenadora pedagógica de Sorocaba (SP), conquistou um lugar de destaque no cenário internacional ao ser selecionada para participar da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), realizada em Belém, no Pará.
Projeto que encantou o mundo
Patrícia e outros professores da escola Ettore Marangoni desenvolveram o projeto "Venha se encante, sabiá brincante", uma iniciativa que busca mostrar às crianças a importância de preservar o planeta desde os primeiros anos de vida. O trabalho chamou a atenção de membros internacionais e garantiu à educadora uma vaga entre os cinco profissionais da educação selecionados para o evento global.
Em entrevista, Patrícia explica que defende há muito tempo a importância do contato com a natureza na formação infantil. Na escola onde trabalha, bebês e crianças de até quatro anos aprendem ao ar livre, com foco na sustentabilidade e cuidado com o meio ambiente.
"As crianças têm contato com a terra, a grama, a água e os insetos", conta a educadora. "Elas exploram livremente, observam, sentem texturas e aprendem sobre respeito, preservação e o ciclo da natureza. Nós acreditamos que o ambiente externo é promotor de vivências significativas."
Experiências transformadoras na COP 30
Durante o encontro em Belém, Patrícia destacou a importância de trocar experiências com outros profissionais. Um momento especialmente marcante foi a conversa que teve com um docente indígena.
"Durante a conversa que tive com ele, eu pude aprender mais sobre a floresta, sobre como passar para as crianças a importância dela para que as pessoas possam sobreviver. Eu fiquei extremamente tocada", recorda emocionada.
A educadora também teve a oportunidade de conhecer comunidades ribeirinhas e vivenciar suas tradições. "Pude ver e sentir a cultura deles, como é a rotina. Também pude nadar em um dos rios de lá e entrar em uma parte da floresta amazônica. No pouco que pude andar lá dentro, vi o quanto aquele bioma é rico e importante para tantas vidas", relata.
Diálogo com autoridades e visão de futuro
Patrícia Oliveira também se encontrou com o ministro da Educação, Camilo Santana, com quem debateu a importância de incluir o tema ambiental nas salas de aula brasileiras.
"Nós, educadores, temos que pensar em novas competências para desenvolver com os estudantes a respeito da sustentabilidade e da resiliência climática", defende a professora. "Os pesquisadores com quem tive contato insistiram muito em falar sobre o processo de ensino e aprendizagem de adolescentes e jovens, e sobre eles terem contato com a natureza e saber cuidar dela."
Uma reflexão em particular marcou a educadora: "Uma frase muito impactante que eu ouvi foi que a gente fala que tem que cuidar do futuro, criar projetos para o futuro, mas não: temos que cuidar do hoje, do agora. E nós, adultos, não estamos fazendo nada e o que fazemos ainda é muito pouco pelo nosso meio ambiente", alerta.
Inovação tecnológica a serviço da educação ambiental
Com formação também em Ciências Biológicas, Patrícia integra a rede Conectando Saberes, que reúne professores com práticas de impacto. Em 2024, ela participou de um curso promovido pela Fundação Patrick J. McGovern e pela Nova Escola sobre o uso de Inteligência Artificial (IA) em projetos envolvendo educação e clima.
"Aprendemos a usar a IA como parceira da educação, para pensar soluções sustentáveis", explica. "Nada substitui a criatividade humana nem o poder autoral dos professores, mas a tecnologia pode potencializar o nosso trabalho."
Com a ajuda da inteligência artificial, Patrícia e seus colegas analisaram fotos de áreas degradadas do bairro e criaram projetos para amenizar problemas ambientais locais, demonstrando como a tecnologia pode ser uma aliada na preservação do planeta.
A trajetória de Patrícia Oliveira serve como inspiração para educadores em todo o Brasil, mostrando que é possível transformar a educação ambiental a partir de práticas inovadoras e do compromisso com as futuras gerações.