Uma área que antes era sinônimo de degradação e mau cheiro em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, está passando por uma transformação radical. Um antigo lixão desativado está sendo convertido em uma floresta urbana em formação, graças à iniciativa de um grupo de jovens empreendedores rurais.
Do lixo à vida: o início do projeto
A mudança começou a ser idealizada pelo grupo Agrofronteiras, vencedor da edição de 2025 do programa Jovem Sucessor Rural, realizado pelo Senar/MS. A localização do antigo depósito de resíduos, próximo ao perímetro urbano e com forte impacto visual negativo, foi o que chamou a atenção dos jovens para iniciar um projeto de recuperação ambiental no local.
"Nos chamou a atenção o lixão. Fica localizado próximo ao perímetro urbano do município. Imaginamos que seria um bom local para a implementação do projeto de recuperação de áreas degradadas", explicou Ewerton Fernandes, um dos integrantes do grupo.
O primeiro passo foi uma visita técnica para avaliar as condições do solo e da água. O cenário encontrado era desafiador: solo extremamente compactado, presença de resíduos como fraldas, restos de animais e materiais hospitalares, e ausência de condições mínimas para o plantio.
Tecnologia e parcerias para viabilizar o sonho
Para superar as adversidades, a equipe precisou recorrer a análises técnicas, apoio institucional e uma série de tecnologias. Foram utilizadas técnicas como a aplicação de hidrogel para retenção de água, adubação, irrigação e terraceamento do terreno, essenciais para preparar a área para o reflorestamento.
O projeto só se tornou realidade graças a uma rede de parcerias. A prefeitura local, o Sindicato Rural e servidores municipais forneceram insumos, ferramentas e suporte para o terraceamento, irrigação e manutenção. O IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) também participou ativamente, com professores e acadêmicos auxiliando no plantio.
Espécies nativas e o resgate cultural
A escolha das plantas para o reflorestamento seguiu critérios que unem recuperação ambiental e identidade cultural. Entre as primeiras mudas plantadas estão:
- 75 mudas de moringa
- 75 mudas de ipê-roxo
- 75 mudas de pata-de-vaca
- Mais de 100 mudas de erva-mate
As espécies foram selecionadas pelo potencial de fitorremediação – a capacidade de ajudar na recuperação de áreas contaminadas – e pela ligação histórica com a região. "A erva-mate é a 'princesinha dos ervais'. Além de ajudar na recuperação do solo, ela faz parte da identidade cultural da região. Sempre disse ao grupo que ela seria a cereja do bolo", afirmou Ewerton Fernandes.
Primeiros resultados e futuro promissor
Os esforços já começam a mostrar frutos. O terraceamento e a adubação estão devolvendo nutrientes ao solo. As mudas plantadas apresentam bom desenvolvimento e já começam a atrair espécies da fauna local, um indicador claro do início da regeneração ecológica do espaço.
Moradores da região acompanham o processo com satisfação, testemunhando a transformação de um local degradado em um ponto de esperança e vida. A expectativa é que, nos próximos meses e anos, a área ganhe densidade florestal, favorecendo o retorno gradual da biodiversidade.
A experiência reforçou o protagonismo da juventude rural e deixou lições valiosas sobre união e responsabilidade socioambiental. Com a vitória no programa Jovem Sucessor Rural, o grupo Agrofronteiras planeja formalizar uma associação e ampliar as ações de recuperação ambiental para outras áreas degradadas do município de Ponta Porã.