Em um momento de polarização global acentuada pelo conflito em Gaza, o professor Gustavo Binenbojm lança uma obra fundamental para compreender um dos preconceitos mais resilientes da história humana. "Antissemitismo Estrutural" chega às livrarias brasileiras com uma análise profunda sobre as manifestações contemporâneas do ódio aos judeus.
O que é antissemitismo estrutural?
Gustavo Binenbojm, professor titular da UERJ e mestre por Yale, desenvolve na obra uma investigação minuciosa sobre como o antissemitismo se adaptou através dos séculos. O preconceito que antes se manifestava através de viés religioso e racial agora encontra novas roupagens, incluindo certas vertentes do discurso antissionista.
O livro, publicado pela Selo História Real/Intrínseca, equilibra rigor acadêmico com urgência social. Com 208 páginas, a obra está disponível em versão impressa por R$ 69,90 e e-book por R$ 34,90.
Diferenças entre antissemitismo e racismo estrutural
Binenbojm estabelece distinções cruciais entre essas duas formas de preconceito. Enquanto o racismo contra negros é estrutural por refletir dinâmicas hierárquicas de subordinação socioeconômica, o antissemitismo opera de maneira mais insidiosa e velada.
"O fato de os judeus não constituírem uma etnia – ou serem constituídos por diversas etnias – lhes permite esconder a própria identidade, tornando-se invisíveis", explica o autor. Esta invisibilidade cria uma situação peculiar onde a assimilação se transforma em "uma forma de morte em vida", pois o preconceito continua latente na sociedade.
Três críticas a Israel que revelam viés antissemita
O autor identifica três tipos específicos de críticas ao Estado de Israel que ultrapassam o limite da discussão política legítima:
Primeiro: Aplicar a Israel métricas de exigência que não são usadas para outros países. O autor cita exemplos como Sudão, Síria, Rússia e Mianmar, que produziram resultados mais severos sobre populações civis sem receber o mesmo nível de escrutínio.
Segundo: Responsabilizar o povo israelense e judeus da Diáspora por ações do governo de Israel. Binenbojm enfatiza que não há características intrínsecas aos judeus que possam ser atribuídas a erros de Israel.
Terceiro: Questionar a legitimidade de Israel em cada conflito na região, algo que não ocorre com outros países criados no mesmo período de descolonização.
Letramento anti-antissemita como solução
A proposta central do livro é o desenvolvimento de um "letramento anti-antissemita" capaz de identificar quando o debate político cruza a linha da intolerância. Segundo Binenbojm, não basta não ser antissemita – é necessário tornar-se ativamente "anti-antissemita".
"A injustiça contra alguém configura uma injustiça contra todas as pessoas. O mal que começa com os judeus nunca fica só neles", alerta o autor.
Para além das instituições de ensino, o professor defende que a imprensa, códigos de compliance empresariais e códigos de conduta do setor público são ambientes cruciais para a difusão deste letramento. O diálogo interreligioso também recebe importância fundamental na proposta.
Lançado em 24 de novembro de 2025, "Antissemitismo Estrutural" se posiciona como uma ferramenta essencial para compreender e combater um preconceito que, segundo Binenbojm, representa uma patologia social estrutural que continua a se adaptar e persistir através dos tempos.