Paulo Guedes debate futuro da indústria e economia em evento exclusivo em Curitiba
Paulo Guedes debate economia e indústria em Curitiba

Numa tarde de terça-feira que misturava chuva fina e aquele friozinho típico de Curitiba, um dos nomes mais polêmicos da economia brasileira esquentou o debate no auditório lotado do Centro de Eventos Positivo. Paulo Guedes, o ex-ministro que deixou marcas profundas - e controversas - no governo Bolsonaro, não veio com papas na língua.

"O Brasil tá nadando contra a maré enquanto o mundo acelera na quarta revolução industrial", disparou, arrancando suspiros e acenos de cabeça da plateia formada por empresários, economistas e até alguns estudantes que conseguiram lugar nas últimas fileiras.

O pulo do gato industrial

Entre dados técnicos e piadas secas que só economistas entendem, Guedes pintou um quadro alarmante: enquanto países como China e EUA investem pesado em inteligência artificial e energia limpa, a indústria brasileira ainda patina em discussões do século passado. Mas nem tudo são espinhos - ele destacou oportunidades onde poucos enxergam:

  • O potencial inexplorado da bioeconomia na Amazônia ("mas tem que ser inteligente, não pode ser só cortar árvore")
  • Vantagens competitivas em setores como agronegócio de precisão
  • A janela de oportunidade na transição energética global

Curiosamente, foi quando começou a falar sobre os erros do passado que o clima esquentou de verdade. "A gente subestimou o tamanho do atraso burocrático", admitiu, numa rara autocrítica que fez vários presentes trocarem olhares significativos.

O elefante na sala

Ninguém esperava que o debate sobre reforma tributária fosse tão... animado. Guedes defendeu com unhas e dentes a simplificação do sistema ("é mais complicado que relação amorosa de adolescente"), mas foi interrompido por um empresário do setor têxtil que reclamou dos "remendos" das últimas medidas provisórias.

E assim seguiu a tarde - um vaivém entre diagnósticos técnicos e discussões acaloradas que, convenhamos, deixaram claro uma coisa: o futuro da indústria brasileira vai depender muito mais de decisões políticas do que de capacidade produtiva. Pelo menos é o que parece quando se escuta quem está no front econômico.

No final, enquanto os participantes se aglomeravam para selfies e contatos profissionais, dava pra ouvir comentários variados: "Faltou aprofundar o tema da educação técnica", reclamava um senhor de óculos. "Finalmente alguém falou a verdade sobre os gargalos logísticos", comemorava uma executiva. E assim, entre críticas e elogios, Curitiba provou mais uma vez por que continua sendo um dos principais palcos para debates econômicos no país.